Questões de Português - Encontros consonantais: Dígrafos para Concurso
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Q2473748
Português
Texto associado
Leia o texto a seguir:
Desafios e conquistas recentes na história da saúde pública
no Brasil
A história da saúde pública no Brasil tem sido marcada por
uma série de desafios e conquistas recentes que refletem a
complexidade do sistema de saúde no país.
Mas esses desafios não foram superados. Entre os principais
enfrentados atualmente, destaca-se a escassez de recursos
financeiros, o que impacta diretamente na capacidade de
investimento e na ampliação da oferta de serviços.
Além disso, as desigualdades regionais continuam a ser um
obstáculo, com algumas áreas remotas e menos desenvolvidas
enfrentando dificuldades no acesso a serviços médicos e
profissionais de saúde qualificados.
A gestão ineficiente também é uma preocupação, resultando
em problemas como superlotação de unidades de saúde, falta
de planejamento adequado e desigualdade na distribuição de
recursos.
A pandemia de COVID-19, por exemplo, teve um impacto
profundo na saúde pública no Brasil, representando um dos
maiores desafios enfrentados pelo sistema de saúde do país.
Diante da rápida disseminação do vírus, medidas emergenciais
foram adotadas para conter a propagação da doença e garantir o
atendimento adequado aos pacientes.
Apesar desses desafios, o Brasil também conquistou avanços
significativos na saúde pública nos últimos anos. A expansão da
cobertura de saúde é uma das principais conquistas, com um
maior número de brasileiros tendo acesso a serviços de saúde
essenciais.
Os aprendizados obtidos com a pandemia incluem a relevância
da vigilância epidemiológica, monitoramento contínuo de casos e
capacidade de reação rápida a surtos e novas variantes do vírus.
Além disso, a incorporação de tecnologias e telemedicina provou
ser uma ferramenta valiosa para garantir a continuidade do
atendimento e reduzir a propagação do vírus. Tornou-se evidente
a necessidade de fortalecer a atenção primária e investir em
prevenção, promoção da saúde e vacinação em massa para
enfrentar futuras pandemias com maior eficácia.
Programas de prevenção e promoção da saúde têm sido
implementados em várias frentes, abrangendo vacinação,
controle de doenças crônicas, campanhas de conscientização
e hábitos saudáveis. A incorporação de tecnologias e inovações
também têm impulsionado melhorias.
Com os avanços tecnológicos dos últimos anos e o impacto da
crise econômica na saúde, o sistema de saúde (tanto público
quanto privado) se apoiou em softwares de gestão que reduzem
o desperdício de recursos e melhoram o serviço prestado ao
cidadão.
Desde prontuários eletrônicos, indicadores, gestão da qualidade,
automatização de processos e faturamento on-line até o acesso
a medicamentos e a integração da rede, a tecnologia vem
revolucionando a saúde pública brasileira. No entanto, apesar
dessas conquistas, é evidente que há ainda muito a ser feito para
superar os desafios e melhorar ainda mais a saúde pública no
Brasil.
Investimentos em infraestrutura, capacitação de profissionais
de saúde e uma gestão mais eficiente são fundamentais para
assegurar um sistema de saúde mais equitativo, acessível e
resiliente.
Somente com esforços contínuos e coordenados será possível
avançar em direção a um futuro em que todos os brasileiros
possam desfrutar de uma saúde de qualidade e bem-estar pleno.
Fonte: https://mv.com.br/blog/historia-da-saude-publica-no-brasil. Acesso em: 04
mar. 2024. Texto adaptado.
Há um dígrafo na palavra:
Ano: 2024
Banca:
OBJETIVA
Órgão:
Prefeitura de Senador Salgado Filho - RS
Prova:
OBJETIVA - 2024 - Prefeitura de Senador Salgado Filho - RS - Auxiliar de Consultório Dentário |
Q2473507
Português
Dígrafos e encontros vocálicos são diferenciados pelos
seus sons. Sobre essas diferenças, relacionar as colunas e
assinalar a sequência correspondente.
(1) Dígrafo.
(2) Encontro vocálico.
( ) Disjuntivo.
( ) Querido.
( ) Baú.
( ) Casais.
(1) Dígrafo.
(2) Encontro vocálico.
( ) Disjuntivo.
( ) Querido.
( ) Baú.
( ) Casais.
Ano: 2024
Banca:
FAU
Órgão:
Prefeitura de Enéas Marques - PR
Prova:
FAU - 2024 - Prefeitura de Enéas Marques - PR - Mecânico |
Q2471459
Português
Texto associado
Texto 1 - SOBRE AMAR E OUVIR
Rubem Alves
Amamos não a pessoa que fala bonito,
mas a pessoa que escuta bonito... A arte de amar
e a arte de ouvir estão intimamente ligadas. Não
é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir.
Os falantes que julgam que por sua fala bonita
serão amados são uns tolos. Estão condenados à
solidão.
Quem só fala e não sabe ouvir é um
chato... O ato de falar é um ato masculino. Fala é
falus: algo que sai, se alonga e procura um
orifício onde entrar, o ouvido... Já o ato de ouvir é
feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser
penetrado.
Não me entenda mal. Não disse que fala é
coisa de homem e ouvir é coisa de mulher. Todos
nós somos masculinos e femininos ao mesmo
tempo. Xerazade, quando contava as estórias
das 1001 noites para o sultão, estava
carinhosamente penetrando os vazios femininos
do machão. E foi dessa escuta feminina do sultão
que surgiu o amor. Não há amor que resista ao
falatório.
Disponível em
https://www.pensador.com/cronicas_curtas/
acesso em 17 de mar. De 2024.
Os encontros sublinhados classificam-se
como DÍGRAFOS em:
Ano: 2024
Banca:
FAU
Órgão:
Prefeitura de Enéas Marques - PR
Prova:
FAU - 2024 - Prefeitura de Enéas Marques - PR - Agente de Saúde Bucal |
Q2470497
Português
Texto associado
RUTH GUIMARÃES: CENTENÁRIO DE UMA
PIONEIRA
Joaquim Maria Botelho
“Mulher, negra, pobre e caipira – eis as
minhas credenciais”, disse Ruth Guimarães num
discurso na Bienal Nestlé de Literatura, em 1983.
Ruth tinha plena consciência de sua condição
humana e de sua vocação para a literatura
quando, jovenzinha de 26 anos, lançou Água
funda (1946), romance que causou frisson na
crítica literária da época e se tornou um marco da
literatura regionalista.
Ao lado de Antonio Candido – que
publicou crítica elogiosa no jornal Correio
Paulistano –, Érico Veríssimo foi um dos
primeiros a comentarem a obra muito
favoravelmente, num texto que a própria Editora
Livraria do Globo passou a usar nas propagandas
do livro de Ruth: “Há muito que não leio prosa
brasileira tão rica de contactos com a terra e com
a vida, tão fresca, tão natural e tão gostosa”. O
romancista gaúcho tinha sido gerente do
departamento editorial da Livraria do Globo e
várias vezes se encontrou com a escritora em
suas visitas à sucursal de São Paulo, dirigida por
Edgard Cavalheiro. Ficaram amigos, mas
seguiram caminhos diferentes e ficaram muito
tempo sem se ver.
Ruth passou a infância na fazenda
Campestre, que o pai administrava, local hoje
pertencente ao município de Pedralva, no sul de
Minas Gerais. Ali, conviveu com as famílias de
peões e colonos, e recolheu muitas histórias.
Com a avó, aprendeu as tradições dos índios e
dos negros. Já em São Paulo, decidiu recontar
essas histórias, segura de que tinha em mãos o
tesouro da tradição oral do povo que amava.
Jovem atrevida, reuniu os racontos de
assombração, duendes e pequenos demônios
como o saci, a mula sem cabeça e o lobisomem,
e foi procurar Mário de Andrade.
O mestre a recebeu, elogiou, corrigiu e
orientou-a nas técnicas de pesquisa folclórica,
entre 1942 e 1944. Mário de Andrade não viu o
livro pronto porque morreu em 1945 e a obra saiu
depois de Água funda, em 1950, com o título de
Os filhos do medo. Ampla pesquisa folclórica
sobre o diabo e todas as manifestações
demoníacas no imaginário do homem do Vale do
Paraíba, a publicação lhe valeu um verbete
na Enciclópédie Française de la Pléiade,
publicada pela editora Gallimard, fazendo de
Ruth Guimarães a única escritora latinoamericana a receber essa distinção.
O autor é jornalista, escritor e mestre em
literatura e crítica literária pela PUC-SP.
Adaptado do site:
https://revistacult.uol.com.br/home/cult-301-ruth-guimaraes/ , acesso em 22 de março de 2024.
Assinale a alternativa que os encontros de
consonantes sublinhados classificam-se
como dígrafo:
Ano: 2024
Banca:
FAU
Órgão:
Prefeitura de Enéas Marques - PR
Prova:
FAU - 2024 - Prefeitura de Enéas Marques - PR - Procurador Municipal |
Q2470423
Português
Texto associado
CLARICE LISPECTOR: A TEIA SUTIL DE UMA
POÉTICA FEMINISTA
Rita Terezinha Schmidt
(03 de janeiro de 2024)
(03 de janeiro de 2024)
Assim como Clarice sempre resistiu a
qualquer tentativa de enquadramento e
manifestava publicamente sua falta de interesse
em produzir “literatura” – termo ao qual atribuía o
peso de uma instituição, um fardo que nunca
cogitou carregar porque se considerava uma
amadora, e não uma “profissional” –, também
nunca mencionou o termo “feminista”, seja na sua
vida pública, seja na sua produção ficcional.
Talvez porque na época circulava o clichê de que
feministas eram mulheres mal-amadas e
desejavam se igualar aos homens, noções
distorcidas e disseminadas por segmentos
conservadores que não admitiam a agenda da
luta por direitos, foco das reivindicações dos
movimentos de mulheres que começaram a
ganhar vulto a partir da década de 1950.
Nesse período e nas décadas seguintes, o
impacto da obra O segundo sexo (1949), de
Simone de Beauvoir, foi explosivo,
particularmente pela afirmação de que a mulher
“feminina”, nos termos do binarismo de gênero na
cultura patriarcal, é caracterizada pela
passividade e que é nessa condição que ela se
torna um ser para o outro, uma alteridade
institucionalizada.
Com vivências em países europeus e nos
Estados Unidos, Clarice certamente tomou
conhecimento das passeatas de mulheres que
ganhavam, na época, ampla cobertura nos
jornais e em noticiários na televisão. Também foi
leitora de escritoras inglesas como Emily Brontë,
Katherine Mansfield e Virginia Woolf, que
abordaram questões relativas à condição
feminina, definida como “o problema que não tem
nome” por Betty Friedan, em seu A mística
feminina (1963). Woolf, além de inovadora na
prosa de ficção, em Um teto todo seu (1929) foi
pioneira na denúncia da opressão econômica,
intelectual e criativa das mulheres: ao tentar fazer
uma pesquisa sobre o tema mulher e ficção na
biblioteca de Oxbridge (nome fictício para as
duas mais tradicionais universidades da
Inglaterra, Cambridge e Oxford), teve sua entrada
barrada por não estar acompanhada de um
homem nem levar uma carta de apresentação.
Ao retornar devidamente acompanhada, levantou
informações que referendaram o que observara
de forma empírica, isto é, que a tradição literária era pautada, exclusivamente, na genealogia
pais/filhos.
Em tempos de questionamentos e de
transformações sociais, não surpreende que na
singularidade composicional de suas obras
Clarice articulasse um feminismo latente de outra
genealogia, a de mãe/filhas, presente nos
alinhamentos entre narradora, autora implícita e
personagens femininas, tramados em diferentes
graus de cumplicidade. Trata-se de uma teia na
qual a relação da narradora com suas
personagens conflui em fios de discurso/fios de
pensamento que deslizam de uma obra a outra,
produzindo ressonâncias e superposições na
construção de elos intersubjetivos. Se o fio, no
mito de Ariadne, é símbolo de salvação de um
enredamento mortal, na obra de Clarice seu
arquétipo tece um imaginário que fecunda
subjetividades/identificações declinadas pelo
pertencimento feminino e que entrelaçam vida e
ficção numa economia de afetos que não deixa
de evocar o lema feminista de nossa época, “o
pessoal é político”.
Talvez nenhuma outra escritora brasileira,
ao longo de sua obra, tenha sido capaz de captar
e sustentar com perspicácia e constância a
problemática de personagens femininas,
circunscritas por injunções de uma estrutura
patriarcal que contamina o espaço familiar. Suas
trajetórias oscilam em movimentos de resistência,
de submissão e de transgressão, num
aprendizado doloroso de autoconsciência e de
percepção do mundo à sua volta. Isso não
significa dizer que Clarice reduzia a literatura ao
compromisso verossímil de um realismo ingênuo,
mas, sim, que seu viés feminista estava presente
na construção das experiências vividas por suas
personagens e produzia, de forma subjacente,
uma crítica social pertinente a seu tempo e lugar.
A pergunta “quem sou eu?”, implícita ou
explícita, que percorre os fios de sua teia ganha
expressão em Joana, Ana, Lucrécia, Laura,
Virgínia, G. H., Ângela, personagens que figuram
a condição da mulher brasileira de classe média
dos anos 1940 a 1960 – condição essa que
transcende limites geográficos e temporais. Em
diferentes graus de sensibilidade quanto à
realidade, todas essas personagens passam por
sensações de vazio e de impotência, um
desconforto com um cotidiano regulado por rituais
domésticos e padrões preestabelecidos que dão
um falso equilíbrio às suas existências e
distorcem as percepções de si próprias e da vida.
Por isso, em momentos de devaneios, vertigens
ou revelações, todas são assaltadas por certo
mal-estar, um desejo confuso, pela falta de algo
que não sabem definir o que é, mas que sentem ser necessário descobrir. Esse momento é o das
horas perigosas, quando algo reprimido emerge à
superfície para romper a normalidade das
aparências e desestabilizar, mesmo que
momentaneamente, a estrutura engessada de
suas vidas. [...]
As obras de Clarice são declinadas no
feminino sob um viés feminista, não somente pelo
protagonismo de suas personagens mulheres e
pelos laços de cumplicidade entre elas e a
narradora, mas pelo agenciamento da escritora
que intervém, de forma eloquente, no sistema de
representação da cultura patriarcal. Não por
acaso, o último fio de sua teia culmina no caudal
de Água viva, pura imersão na energia originária
de um feminino cósmico que vem “das trevas de
um passado remoto”. Assim, tecida por muitos
fios, a poética feminista de Clarice inscreve seu
posicionamento social e político no contexto da
cultura de seu tempo e projeta uma ética da
diferença, inscrita no potencial criativo e
subversivo das mulheres, que se reinventam para
poder se imaginar outras, e umas com as outras,
na literatura e na vida.
Texto publicado originalmente na Cult 264, de
dezembro de 2020.
A autora do texto é doutora em literatura, professora
titular de literatura e convidada do Programa de PósGraduação em Letras da UFRGS. Adaptado de
https://revistacult.uol.com.br/home/cult-301-claricelispector/ , acesso em 21 de mar de 2024.
Marque a alternativa em que as palavras
apresentam SOMENTE encontros
consonantais: