Questões de Concurso Público CEFET-MG 2022 para Técnico Laboratório - Área Eletrotécnica
Foram encontradas 12 questões
Ano: 2022
Banca:
CEFET-MG
Órgão:
CEFET-MG
Provas:
CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Biologia
|
CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Eletrotécnica |
CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Química |
CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Informática |
Q1912447
Português
Lembro a pergunta que fez:
“Poderia levá-la imediatamente para mim?”
“Posso”, respondo, batendo recordes de concisão, encorajada pela concisão dele e pela ausência de um “por favor” que a forma interrogativa e o uso do futuro do pretérito não deveriam, a meu ver, desculpar totalmente.
“É muito frágil”, acrescenta, “tome cuidado, por favor”.
A conjugação do imperativo e o “por favor” também não me agradam, tanto mais que ele me acha incapaz de tais sutilezas sintáticas e só as emprega por gosto, sem a cortesia de imaginar que eu poderia me sentir insultada. É tocar o fundo do pântano social ouvir, pelo tom de sua voz, que um rico só se dirige a si mesmo e que, embora as palavras que pronuncia sejam tecnicamente dirigidas a você, ele nem sequer imagina que você seja capaz de compreendê-las.
BARBERY, Muriel. A elegância do ouriço. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
A linguagem utilizada na interpelação à personagem provocou insatisfação por
“Poderia levá-la imediatamente para mim?”
“Posso”, respondo, batendo recordes de concisão, encorajada pela concisão dele e pela ausência de um “por favor” que a forma interrogativa e o uso do futuro do pretérito não deveriam, a meu ver, desculpar totalmente.
“É muito frágil”, acrescenta, “tome cuidado, por favor”.
A conjugação do imperativo e o “por favor” também não me agradam, tanto mais que ele me acha incapaz de tais sutilezas sintáticas e só as emprega por gosto, sem a cortesia de imaginar que eu poderia me sentir insultada. É tocar o fundo do pântano social ouvir, pelo tom de sua voz, que um rico só se dirige a si mesmo e que, embora as palavras que pronuncia sejam tecnicamente dirigidas a você, ele nem sequer imagina que você seja capaz de compreendê-las.
BARBERY, Muriel. A elegância do ouriço. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
A linguagem utilizada na interpelação à personagem provocou insatisfação por
Ano: 2022
Banca:
CEFET-MG
Órgão:
CEFET-MG
Provas:
CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Biologia
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CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Informática |
Q1912448
Português
Texto associado
A questão refere-se ao texto abaixo.
Hoje talvez não seja tão intenso, pois, se o celular pegar, distraímo-
-nos com ele. Mas antes, ao esperar o elevador, nada havia a fazer senão ler e reler aquele aviso, em letras brancas sobre fundo
preto, ou vice-versa, coberto por uma moldura de acrílico – “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”. Assombrado, ameaçador, algo ininteligível
pesava sobre a duração daquela espera, acompanhando até o “térreo” (outra palavra estranha) quem afinal se aventurar a entrar.
O Mesmo. Aqui, neste andar. Sim, antes de entrar. Verifique. A imprecisão em relação ao sujeito da frase (o elevador ou o “mesmo”?); o fato
de que coisas demais são ditas sobre um maquinismo (“verifique se
está parado” é quase temer que fuja de repente); a linguagem burocrática, sem molejo, mas em situação privada, onde estávamos quase
sempre sozinhos, ou seja: dirigida, como em alguns textos de Kafka,
diretamente a você; a lembrança mórbida de acidentes horrorosos
(de gente que caiu em poços de elevador, como Anecy Rocha) – tudo
isso dava um tom zicado à espera. Reproduzida por força da lei estadual de 11 de março de 1997, presente portanto em todos os andares de
inúmeros prédios do estado de São Paulo, a própria repetição infindável alavancava o mistério e “mesmidade” da frase, gerando aos poucos
um longo histórico de debates e comentários na internet, e até uma
comunidade virtual – “Eu tenho medo do Mesmo” (com maiúscula).
Pessoalmente, tenho mesmo muito medo dele. Não sei onde começa nem onde termina, e detesto, particularmente, sua potência
de disfarce, infiltrando-se em tudo como um penetra de festas profissional, sem nunca dizer o nome. [...]. Confunde-se, nesse sentido, com o tema, provavelmente complementar, da espera – o tenente Giovanni Drogo, em O deserto dos tártaros, de Dino Buzzati
[...]. Ou, ainda, Bill Murray, no Feitiço do tempo (Groundhog day,
1993), em que a personagem fica presa num dia infindável, repetido
a cada manhã, e do qual não consegue escapar nem sequer através
do suicídio (suicida-se, de fato, dezenas de vezes) – até apaixonar-se
(e ser correspondido) por sua colega de trabalho (Andie MacDowell).
RAMOS, Nuno. Verifique se o mesmo. São Paulo: Todavia, 2019 (adaptado).
O desvio gramatical discutido por Nuno Ramos em seu texto se refere
ao(à)
Ano: 2022
Banca:
CEFET-MG
Órgão:
CEFET-MG
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Q1912449
Português
Texto associado
A questão refere-se ao texto abaixo.
Hoje talvez não seja tão intenso, pois, se o celular pegar, distraímo-
-nos com ele. Mas antes, ao esperar o elevador, nada havia a fazer senão ler e reler aquele aviso, em letras brancas sobre fundo
preto, ou vice-versa, coberto por uma moldura de acrílico – “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”. Assombrado, ameaçador, algo ininteligível
pesava sobre a duração daquela espera, acompanhando até o “térreo” (outra palavra estranha) quem afinal se aventurar a entrar.
O Mesmo. Aqui, neste andar. Sim, antes de entrar. Verifique. A imprecisão em relação ao sujeito da frase (o elevador ou o “mesmo”?); o fato
de que coisas demais são ditas sobre um maquinismo (“verifique se
está parado” é quase temer que fuja de repente); a linguagem burocrática, sem molejo, mas em situação privada, onde estávamos quase
sempre sozinhos, ou seja: dirigida, como em alguns textos de Kafka,
diretamente a você; a lembrança mórbida de acidentes horrorosos
(de gente que caiu em poços de elevador, como Anecy Rocha) – tudo
isso dava um tom zicado à espera. Reproduzida por força da lei estadual de 11 de março de 1997, presente portanto em todos os andares de
inúmeros prédios do estado de São Paulo, a própria repetição infindável alavancava o mistério e “mesmidade” da frase, gerando aos poucos
um longo histórico de debates e comentários na internet, e até uma
comunidade virtual – “Eu tenho medo do Mesmo” (com maiúscula).
Pessoalmente, tenho mesmo muito medo dele. Não sei onde começa nem onde termina, e detesto, particularmente, sua potência
de disfarce, infiltrando-se em tudo como um penetra de festas profissional, sem nunca dizer o nome. [...]. Confunde-se, nesse sentido, com o tema, provavelmente complementar, da espera – o tenente Giovanni Drogo, em O deserto dos tártaros, de Dino Buzzati
[...]. Ou, ainda, Bill Murray, no Feitiço do tempo (Groundhog day,
1993), em que a personagem fica presa num dia infindável, repetido
a cada manhã, e do qual não consegue escapar nem sequer através
do suicídio (suicida-se, de fato, dezenas de vezes) – até apaixonar-se
(e ser correspondido) por sua colega de trabalho (Andie MacDowell).
RAMOS, Nuno. Verifique se o mesmo. São Paulo: Todavia, 2019 (adaptado).
No primeiro parágrafo, o uso do recurso gráfico dos parênteses em
“(outra palavra estranha)” foi usado com a mesma finalidade em
Ano: 2022
Banca:
CEFET-MG
Órgão:
CEFET-MG
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CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Biologia
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CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Informática |
Q1912450
Português
Texto associado
A questão refere-se ao texto abaixo.
Era sobre a luz, a luz que adentrava as vidraças e sobre o seu corpo,
sobre o jornal e os sapatos gastos que encontravam as ruas todos os
dias, porque tudo falava de alguma maneira sobre um desajuste seu
ao mundo quase intransponível. Seus olhos e sua cabeça deveriam
estar repousados na página de ofertas de emprego, mas eram o café
e a firmeza da cadeira, e o chão limpo e a elegância de sua posição
que o deixavam confortável na fração que pode ser ao mesmo tempo
instante e eternidade.
E naquelas páginas estava a vida além da casa, do bairro, além da
cidade. Naquelas páginas se abriam inúmeras janelas para o mundo, eu
bem sei, e sobre elas se lia com curiosidade sobre o que não podíamos
viver por estarmos cercados, e muitas vezes os sapatos que calçamos
são os códigos que nos marcam aos lugares onde podemos ou não
estar. Nos confinaram em baias, como animais domésticos, mesmo
que não falássemos sobre isso, e não falássemos também que não
poderíamos estar onde exatamente desejávamos. Mas naquele instante
era um homem e lia, e se sentia parte do entorno por compreender o
que poderia ser uma guerra e suas conquistas, o que poderia ser a
morte e a política.
JUNIOR, Itamar Vieira. Você bem sabe. Instituto Moreira Sales, 02 de março de 2022. Disponível
em: <https://ims.com.br/por-dentro-acervos/voce-bem-sabe-por-itamar-vieira-junior/>. Acesso
em: 23 mar. 2022 (fragmento).
No texto de Itamar Vieira Junior, a atitude do personagem que reflete
seu sentimento de pertencer à outra classe social é a de
Ano: 2022
Banca:
CEFET-MG
Órgão:
CEFET-MG
Provas:
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CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Química |
CEFET-MG - 2022 - CEFET-MG - Técnico Laboratório - Área Informática |
Q1912451
Português
Texto associado
A questão refere-se ao texto abaixo.
Era sobre a luz, a luz que adentrava as vidraças e sobre o seu corpo,
sobre o jornal e os sapatos gastos que encontravam as ruas todos os
dias, porque tudo falava de alguma maneira sobre um desajuste seu
ao mundo quase intransponível. Seus olhos e sua cabeça deveriam
estar repousados na página de ofertas de emprego, mas eram o café
e a firmeza da cadeira, e o chão limpo e a elegância de sua posição
que o deixavam confortável na fração que pode ser ao mesmo tempo
instante e eternidade.
E naquelas páginas estava a vida além da casa, do bairro, além da
cidade. Naquelas páginas se abriam inúmeras janelas para o mundo, eu
bem sei, e sobre elas se lia com curiosidade sobre o que não podíamos
viver por estarmos cercados, e muitas vezes os sapatos que calçamos
são os códigos que nos marcam aos lugares onde podemos ou não
estar. Nos confinaram em baias, como animais domésticos, mesmo
que não falássemos sobre isso, e não falássemos também que não
poderíamos estar onde exatamente desejávamos. Mas naquele instante
era um homem e lia, e se sentia parte do entorno por compreender o
que poderia ser uma guerra e suas conquistas, o que poderia ser a
morte e a política.
JUNIOR, Itamar Vieira. Você bem sabe. Instituto Moreira Sales, 02 de março de 2022. Disponível
em: <https://ims.com.br/por-dentro-acervos/voce-bem-sabe-por-itamar-vieira-junior/>. Acesso
em: 23 mar. 2022 (fragmento).
O autor se identifica com o personagem no trecho: