Questões de Concurso Público CNU 2024 para Bloco 8 - 3° Simulado
Foram encontradas 6 questões
Q2444370
Português
Texto associado
Estaremos criando uma sociedade de
jovens de pais ausentes, distraídos demais
com a Internet, à qual Leonardo Calembo,
de 41 anos, pai de um dos adolescentes
mortos a tiros no colégio de Goiânia por um
colega de classe, chamou, enquanto
enterrava o filho, de “órfãos de pais vivos”,
de pais já mortos para eles, porque ignoram
seus problemas?
O eco da tragédia de Goiânia, que se revela
a cada dia com informações mais
alarmantes sobre a personalidade complexa
do jovem de 14 anos que disparou na sala
de aula contra os colegas, levará tempo para
se dissipar, já que despertou o alarme em
não poucas famílias. É como se, de repente,
nos perguntássemos se realmente
conhecemos nossos filhos e o que estão
vivendo sem que saibamos.[…]
Enquanto escrevo esta coluna, o jornal
Folha de S. Paulo publica o que chama de “o
mapa da morte”, com os dados de
homicídios no Brasil em 2016, com um
aumento de quase 4% em relação ao ano
anterior. No total foram 61.689 homicídios,
o que equivale a sete a cada hora, algo que
supera muitas guerras juntas. É como se o
Brasil sofresse a cada ano a explosão de
uma bomba atômica. A de Hiroshima matou
pouco mais do que se mata no Brasil todos
os anos.
Algo que agrava esse mapa da morte é que
metade desses homicídios é de jovens, o
que significa que mais de 30.000 pais e
mães tenham que enterrar filhos, algo que
fere as leis da natureza. O normal é que os
filhos enterrem os pais. A matança desses
milhares de jovens conduz à aberração de
que os pais se sintam órfãos dos filhos, sem
poder desfrutar deles em vida.
Permitir ou não que as crianças e jovens
vejam todo o tipo de violência virtual nos
jogos, nos filmes, na televisão e nos
celulares? Quando eu era estudante de
psicologia em Roma, tive uma discussão
com um de meus professores que defendia
que as crianças deviam familiarizar-se com a
violência para poder administrá-la quando
adultas. É o que pensam ainda hoje até
mesmo ilustres sociólogos. Para mim,
porém, a vida real de hoje já oferece doses
de sobra de violência, desde que se nasce,
dentro e fora das casas, para que seja
preciso acrescentar-lhe a violência virtual.
[…]
Jovens órfãos de pais vivos, pais que se
veem sujeitos a enterrar filhos em flor e, se
fosse pouco, desde 1980 até hoje segue
aumentando no Brasil o número de suicídios
juvenis, segundo o IPEA. É o ápice da
tragédia da sociedade. […]
Mais do que saber se têm mais votos Lula,
Doria ou Bolsonaro, os institutos de
pesquisa deveriam se interessar em
descobrir por que a juventude de uma
sociedade como a do Brasil, que sempre
teve como vocação a felicidade e os
encontros festivos, se vê de repente
representada por um triplo drama de
orfandade. Quem salvará o Brasil não será,
de fato, nenhum caudilho, herói ou messias,
mas a tomada de consciência da sociedade
de que as famílias precisam apostar para
que seus filhos voltem “a ser sonhadores”,
como pedia o jovem de outra escola em
Olinda.
Quando um jovem pede aos pais que lhe
dediquem mais tempo que a seu celular, ele
lhes está suplicando mais afeto, ou está
tentando contar-lhes que algo se está
rompendo dentro dele. Quando lhe dizem:
“depois, agora estou ocupado”, esse
“depois” poderia ser tragicamente tarde.
(Disponível na internet)
[Questão inédita] Sobre o texto, considere as seguintes
afirmativas e assinale aquela que não está
de acordo com o texto.
Q2444371
Português
Texto associado
Estaremos criando uma sociedade de
jovens de pais ausentes, distraídos demais
com a Internet, à qual Leonardo Calembo,
de 41 anos, pai de um dos adolescentes
mortos a tiros no colégio de Goiânia por um
colega de classe, chamou, enquanto
enterrava o filho, de “órfãos de pais vivos”,
de pais já mortos para eles, porque ignoram
seus problemas?
O eco da tragédia de Goiânia, que se revela
a cada dia com informações mais
alarmantes sobre a personalidade complexa
do jovem de 14 anos que disparou na sala
de aula contra os colegas, levará tempo para
se dissipar, já que despertou o alarme em
não poucas famílias. É como se, de repente,
nos perguntássemos se realmente
conhecemos nossos filhos e o que estão
vivendo sem que saibamos.[…]
Enquanto escrevo esta coluna, o jornal
Folha de S. Paulo publica o que chama de “o
mapa da morte”, com os dados de
homicídios no Brasil em 2016, com um
aumento de quase 4% em relação ao ano
anterior. No total foram 61.689 homicídios,
o que equivale a sete a cada hora, algo que
supera muitas guerras juntas. É como se o
Brasil sofresse a cada ano a explosão de
uma bomba atômica. A de Hiroshima matou
pouco mais do que se mata no Brasil todos
os anos.
Algo que agrava esse mapa da morte é que
metade desses homicídios é de jovens, o
que significa que mais de 30.000 pais e
mães tenham que enterrar filhos, algo que
fere as leis da natureza. O normal é que os
filhos enterrem os pais. A matança desses
milhares de jovens conduz à aberração de
que os pais se sintam órfãos dos filhos, sem
poder desfrutar deles em vida.
Permitir ou não que as crianças e jovens
vejam todo o tipo de violência virtual nos
jogos, nos filmes, na televisão e nos
celulares? Quando eu era estudante de
psicologia em Roma, tive uma discussão
com um de meus professores que defendia
que as crianças deviam familiarizar-se com a
violência para poder administrá-la quando
adultas. É o que pensam ainda hoje até
mesmo ilustres sociólogos. Para mim,
porém, a vida real de hoje já oferece doses
de sobra de violência, desde que se nasce,
dentro e fora das casas, para que seja
preciso acrescentar-lhe a violência virtual.
[…]
Jovens órfãos de pais vivos, pais que se
veem sujeitos a enterrar filhos em flor e, se
fosse pouco, desde 1980 até hoje segue
aumentando no Brasil o número de suicídios
juvenis, segundo o IPEA. É o ápice da
tragédia da sociedade. […]
Mais do que saber se têm mais votos Lula,
Doria ou Bolsonaro, os institutos de
pesquisa deveriam se interessar em
descobrir por que a juventude de uma
sociedade como a do Brasil, que sempre
teve como vocação a felicidade e os
encontros festivos, se vê de repente
representada por um triplo drama de
orfandade. Quem salvará o Brasil não será,
de fato, nenhum caudilho, herói ou messias,
mas a tomada de consciência da sociedade
de que as famílias precisam apostar para
que seus filhos voltem “a ser sonhadores”,
como pedia o jovem de outra escola em
Olinda.
Quando um jovem pede aos pais que lhe
dediquem mais tempo que a seu celular, ele
lhes está suplicando mais afeto, ou está
tentando contar-lhes que algo se está
rompendo dentro dele. Quando lhe dizem:
“depois, agora estou ocupado”, esse
“depois” poderia ser tragicamente tarde.
(Disponível na internet)
[Questão inédita] O texto acima é caracterizado como sendo:
Q2444375
Português
Texto associado
A era dos memes na crise política atual
Seria cômico, se não fosse trágico, o estado
de irreverência do brasileiro frente à crise
em que o país encontra-se imerso. A nossa
capacidade de fazer piada de nós mesmos e
da acentuada crise político-econômica atual
nos instiga a refletir se estamos “jogando a
toalha” ou se este é apenas um “jeitinho
brasileiro” de encarar a realidade. A
criatividade de produzir piadas, memes e
áudios engraçados expõe um certo tipo de
estratégia do brasileiro para lidar com
situações de conflito: “Tira a Dilma. Tira o
Aécio. Tira o Cunha. Tira o Temer. Tira a
calça jeans e bota um fio dental, morena
você é tão sensual”. Eis uma das milhares de
piadas que circulam nas redes sociais e que,
de forma irreverente, estimulam o debate.
Não há aquele que não se divirta com essa
piada ou outra congênere; que não gargalhe
diante dos diversos textos engraçados que
circulam por meio de postagens ou
mensagens de celular, independentemente
do grau de escolaridade de quem
compartilha. Seja por meio do deboche e do
riso, é de “notório saber” que todas as
classes estão conscientes da gravidade da
situação e que, por conseguinte, concordam
que medidas enérgicas precisam ser
tomadas. A diferença está na forma
ideologicamente defendida para a tomada
de medidas.
A “memecrítica” é uma categoria de crítica
social que tem causado desconforto nos
políticos e membros dos poderes judiciário e
executivo, estimulando, inclusive, tentativas
frustradas de mapeamento e controle do
uso da internet por parte dos internautas.
[...]
Por outro lado, questionar as contradições
presentes apenas por meio da piada, em
certo aspecto politizada, não garante
mudanças sociais de grande impacto. Esses
manifestos e/ou críticas de formas isoladas
(ou uníssonas) podem, mesmo sem
intenção, relegar os cidadãos brasileiros a
um estado de inércia, a uma condição de
estado permanente de sonolência eterna
em “berço esplêndido”. Já os manifestos,
protestos e/ou passeatas nas ruas e demais
enfrentamentos em espaços de poder
instituídos ainda são os mecanismos mais
eloquentes e potenciais para contrapor
discursos e práticas opressoras que
contribuem para o caos social. É preciso o
tête-à-tête, o diálogo crítico e reflexivo em
casa, na comunidade e demais ambientes
socioculturais. Entretanto, um diálogo
respeitoso, cordial, que busca a alteridade.
Que apresente discordâncias, entretanto
respeite a opinião divergente, sem abrir
mão da ética e do respeito aos direitos
humanos.
(Luciano Freitas Filho – Carta Capital (adaptado),
junho/2017. Disponível em:<http://justificando.cartacapital.com.br/2017/06/07/
era-dos-memes-na-crise-politica-atual/> .)
[Questão inédita] Assinale a alternativa que se apresenta
coerente com o proposto pelo texto,
considerando as avaliações dos memes
enquanto prática social.
Q2444376
Português
Texto associado
A era dos memes na crise política atual
Seria cômico, se não fosse trágico, o estado
de irreverência do brasileiro frente à crise
em que o país encontra-se imerso. A nossa
capacidade de fazer piada de nós mesmos e
da acentuada crise político-econômica atual
nos instiga a refletir se estamos “jogando a
toalha” ou se este é apenas um “jeitinho
brasileiro” de encarar a realidade. A
criatividade de produzir piadas, memes e
áudios engraçados expõe um certo tipo de
estratégia do brasileiro para lidar com
situações de conflito: “Tira a Dilma. Tira o
Aécio. Tira o Cunha. Tira o Temer. Tira a
calça jeans e bota um fio dental, morena
você é tão sensual”. Eis uma das milhares de
piadas que circulam nas redes sociais e que,
de forma irreverente, estimulam o debate.
Não há aquele que não se divirta com essa
piada ou outra congênere; que não gargalhe
diante dos diversos textos engraçados que
circulam por meio de postagens ou
mensagens de celular, independentemente
do grau de escolaridade de quem
compartilha. Seja por meio do deboche e do
riso, é de “notório saber” que todas as
classes estão conscientes da gravidade da
situação e que, por conseguinte, concordam
que medidas enérgicas precisam ser
tomadas. A diferença está na forma
ideologicamente defendida para a tomada
de medidas.
A “memecrítica” é uma categoria de crítica
social que tem causado desconforto nos
políticos e membros dos poderes judiciário e
executivo, estimulando, inclusive, tentativas
frustradas de mapeamento e controle do
uso da internet por parte dos internautas.
[...]
Por outro lado, questionar as contradições
presentes apenas por meio da piada, em
certo aspecto politizada, não garante
mudanças sociais de grande impacto. Esses
manifestos e/ou críticas de formas isoladas
(ou uníssonas) podem, mesmo sem
intenção, relegar os cidadãos brasileiros a
um estado de inércia, a uma condição de
estado permanente de sonolência eterna
em “berço esplêndido”. Já os manifestos,
protestos e/ou passeatas nas ruas e demais
enfrentamentos em espaços de poder
instituídos ainda são os mecanismos mais
eloquentes e potenciais para contrapor
discursos e práticas opressoras que
contribuem para o caos social. É preciso o
tête-à-tête, o diálogo crítico e reflexivo em
casa, na comunidade e demais ambientes
socioculturais. Entretanto, um diálogo
respeitoso, cordial, que busca a alteridade.
Que apresente discordâncias, entretanto
respeite a opinião divergente, sem abrir
mão da ética e do respeito aos direitos
humanos.
(Luciano Freitas Filho – Carta Capital (adaptado),
junho/2017. Disponível em:<http://justificando.cartacapital.com.br/2017/06/07/
era-dos-memes-na-crise-politica-atual/> .)
[Questão inédita] O texto acima é predominantemente:
Q2444379
Português
Texto associado
A era dos memes na crise política atual
Seria cômico, se não fosse trágico, o estado
de irreverência do brasileiro frente à crise
em que o país encontra-se imerso. A nossa
capacidade de fazer piada de nós mesmos e
da acentuada crise político-econômica atual
nos instiga a refletir se estamos “jogando a
toalha” ou se este é apenas um “jeitinho
brasileiro” de encarar a realidade. A
criatividade de produzir piadas, memes e
áudios engraçados expõe um certo tipo de
estratégia do brasileiro para lidar com
situações de conflito: “Tira a Dilma. Tira o
Aécio. Tira o Cunha. Tira o Temer. Tira a
calça jeans e bota um fio dental, morena
você é tão sensual”. Eis uma das milhares de
piadas que circulam nas redes sociais e que,
de forma irreverente, estimulam o debate.
Não há aquele que não se divirta com essa
piada ou outra congênere; que não gargalhe
diante dos diversos textos engraçados que
circulam por meio de postagens ou
mensagens de celular, independentemente
do grau de escolaridade de quem
compartilha. Seja por meio do deboche e do
riso, é de “notório saber” que todas as
classes estão conscientes da gravidade da
situação e que, por conseguinte, concordam
que medidas enérgicas precisam ser
tomadas. A diferença está na forma
ideologicamente defendida para a tomada
de medidas.
A “memecrítica” é uma categoria de crítica
social que tem causado desconforto nos
políticos e membros dos poderes judiciário e
executivo, estimulando, inclusive, tentativas
frustradas de mapeamento e controle do
uso da internet por parte dos internautas.
[...]
Por outro lado, questionar as contradições
presentes apenas por meio da piada, em
certo aspecto politizada, não garante
mudanças sociais de grande impacto. Esses
manifestos e/ou críticas de formas isoladas
(ou uníssonas) podem, mesmo sem
intenção, relegar os cidadãos brasileiros a
um estado de inércia, a uma condição de
estado permanente de sonolência eterna
em “berço esplêndido”. Já os manifestos,
protestos e/ou passeatas nas ruas e demais
enfrentamentos em espaços de poder
instituídos ainda são os mecanismos mais
eloquentes e potenciais para contrapor
discursos e práticas opressoras que
contribuem para o caos social. É preciso o
tête-à-tête, o diálogo crítico e reflexivo em
casa, na comunidade e demais ambientes
socioculturais. Entretanto, um diálogo
respeitoso, cordial, que busca a alteridade.
Que apresente discordâncias, entretanto
respeite a opinião divergente, sem abrir
mão da ética e do respeito aos direitos
humanos.
(Luciano Freitas Filho – Carta Capital (adaptado),
junho/2017. Disponível em:<http://justificando.cartacapital.com.br/2017/06/07/
era-dos-memes-na-crise-politica-atual/> .)
[Questão inédita] Em “jogando a toalha”, percebe-se a
seguinte figura de linguagem: