A violência nas relações de intimidade permanece, na
atualidade, como uma relevante fonte de exclusão social. Com
uma crescente visibilidade na esfera pública, traduzida num claro
aumento das denúncias, a violência nas relações íntimas tem sido
objeto de diversas políticas dirigidas à sua prevenção e
criminalização e ao apoio às vítimas. Os diversos estudos sobre a
violência nas relações de intimidade evidenciam, claramente, que
esta é perpetrada, na sua grande maioria, por homens sobre
mulheres. Segundo a teoria da interseccionalidade, as mulheres
[imigrantes] vítimas de violência experienciam, simultaneamente,
diferentes formas de opressão e de controle social, uma vez que
estão imersas em contextos sociais onde se cruzam diferentes
sistemas de poder (como a raça, a etnia, a classe social, o gênero
e a orientação sexual). Na verdade, as situações de violência nas
relações de intimidade podem ser agravadas por fatores como o
estatuto legal, a classe social, a cultura ou a etnicidade, entre
outros. Para além disso, a pouca familiaridade com a língua, o
difícil acesso a empregos adequados, o conhecimento insuficiente
dos seus direitos, o isolamento da comunidade imigrante e o
distanciamento das redes sociais e familiares de apoio também
contribuem para reduzir a capacidade de as mulheres imigrantes
se protegerem contra situações de violência e abuso.
Madalena Duarte e Ana Oliveira. Mulheres nas margens: a violência
doméstica e as mulheres imigrantes. In: Sociologia. Porto, 23,
jun./2012, p. 223-224 (com adaptações)