Questões de Concurso Público UFPE 2017 para Fonoaudiólogo
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Q2051186
Português
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TEXTO 1
A face negativa da norma culta
1. Há tempos que os trabalhos no campo da linguística brasileira têm como uma de suas principais preocupações os
modos de ensino da norma culta da Língua Portuguesa. Vista como símbolo do bem-falar, a norma culta é amplamente
defendida como a “variedade linguística de maior prestígio social”, assim descrita na maioria das gramáticas. Nesse sentido, o
ensino de português, de um modo geral, tem se pautado na transmissão das regras subjacentes a essa norma. As gramáticas
e os livros didáticos, além de darem continuidade a um comércio editorial, que se diz capaz de oferecer essa “arte do bemfalar” aos incapazes de adquiri-la socialmente, em suas atividades linguísticas cotidianas, apenas reforçam a ideia absurda de
que a norma culta é a única aceitável, e quem não souber dominá-la será excluído do conjunto dos indivíduos que “sabem falar
português”.
2. Essa ideia de supervalorização da norma culta e de sua superioridade sobre as outras variedades passou a ser senso
comum na sociedade, gerando, assim, uma onda de preconceito e intolerância, já que se subentende que qualquer uso que
fuja à norma será considerado “inferior e desprestigiado”. O livro “Preconceito e intolerância na linguagem”, da professora Marli
Quadros Leite, abordou esse problema e constatou a ocorrência de intolerâncias, sobretudo, em discursos da imprensa escrita.
[...]
3. A primeira reflexão trazida por Leite é a de que o preconceito contra a linguagem não é apenas linguístico, mas
também social e político. Por meio das análises feitas, é possível perceber, por exemplo, o preconceito e a intolerância contra o
povo nordestino, mostrados, principalmente, por habitantes das regiões Sul e Sudeste. [...] Fica evidente que os argumentos
daqueles que têm preconceito contra a linguagem do nordestino baseiam-se na ideia de que se trata de uma linguagem
“errada”, utilizada por pessoas de baixo prestígio social e que “não sabem falar o português”. Esse tipo de pensamento tem –
em grande parte – origem na distinção entre norma culta e norma popular, na negação de outras variedades linguísticas e na
ignorância de que a língua é um fenômeno social e, inevitavelmente, variável.
4. As análises dos gêneros feitas por Leite são de grande valia aos estudos sobre preconceito e intolerância contra
determinadas variedades linguísticas, mas sua abordagem sobre a ocorrência desses fenômenos na escola é, sem sombra de
dúvidas, o que coroa sua obra, visto que, além da influência da sociedade em geral, a escola (infelizmente) tem sido a grande
incentivadora do preconceito e da intolerância linguísticos. A insistência da escola em ensinar, de forma supervalorizada, as
regras gramaticais – às vezes, sem levar em consideração as variedades linguísticas dos alunos – cria na mente dos
estudantes a ideia de que a norma culta é a que “reina” na sociedade. Isso gera uma atitude corretiva do indivíduo consigo
mesmo – num “policiamento linguístico” – e de um indivíduo para com outro – numa posição soberba e acusadora a que subjaz
o pensamento: “Você fala errado! Eu estudo e falo certo, logo, eu posso corrigir seu erro”.
5. Essa é a face negativa da norma culta. Essa falsa superioridade e desprezo sobre as outras variedades linguísticas, o
que, infelizmente, gera o preconceito e a intolerância, não apenas contra a linguagem de quem faz uso de outras normas, mas
contra a própria pessoa. O uso e o ensino da norma culta são, sem dúvida, essenciais. Ela deve ter, sim, seu lugar na
sociedade e na escola, de forma que todos possam ter a capacidade de comportar-se linguisticamente de forma adequada em
cada situação comunicativa. O que se torna necessário, como conclui Leite, é que as pessoas não julguem umas às outras
pela linguagem de que fazem uso, mas que haja o respeito, a tolerância, a aceitação e a valorização de todas as normas
linguísticas, pois todas, igualmente, são válidas e essenciais à vida da comunidade linguística.
Talita Santos Menezes. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-face-negativa-da-norma-culta/118492. Acesso em 05/09/2016.
(Adaptado).
Para o êxito na compreensão do Texto 1, é preciso que o entendamos como:
Q2051189
Português
Texto associado
TEXTO 1
A face negativa da norma culta
1. Há tempos que os trabalhos no campo da linguística brasileira têm como uma de suas principais preocupações os
modos de ensino da norma culta da Língua Portuguesa. Vista como símbolo do bem-falar, a norma culta é amplamente
defendida como a “variedade linguística de maior prestígio social”, assim descrita na maioria das gramáticas. Nesse sentido, o
ensino de português, de um modo geral, tem se pautado na transmissão das regras subjacentes a essa norma. As gramáticas
e os livros didáticos, além de darem continuidade a um comércio editorial, que se diz capaz de oferecer essa “arte do bemfalar” aos incapazes de adquiri-la socialmente, em suas atividades linguísticas cotidianas, apenas reforçam a ideia absurda de
que a norma culta é a única aceitável, e quem não souber dominá-la será excluído do conjunto dos indivíduos que “sabem falar
português”.
2. Essa ideia de supervalorização da norma culta e de sua superioridade sobre as outras variedades passou a ser senso
comum na sociedade, gerando, assim, uma onda de preconceito e intolerância, já que se subentende que qualquer uso que
fuja à norma será considerado “inferior e desprestigiado”. O livro “Preconceito e intolerância na linguagem”, da professora Marli
Quadros Leite, abordou esse problema e constatou a ocorrência de intolerâncias, sobretudo, em discursos da imprensa escrita.
[...]
3. A primeira reflexão trazida por Leite é a de que o preconceito contra a linguagem não é apenas linguístico, mas
também social e político. Por meio das análises feitas, é possível perceber, por exemplo, o preconceito e a intolerância contra o
povo nordestino, mostrados, principalmente, por habitantes das regiões Sul e Sudeste. [...] Fica evidente que os argumentos
daqueles que têm preconceito contra a linguagem do nordestino baseiam-se na ideia de que se trata de uma linguagem
“errada”, utilizada por pessoas de baixo prestígio social e que “não sabem falar o português”. Esse tipo de pensamento tem –
em grande parte – origem na distinção entre norma culta e norma popular, na negação de outras variedades linguísticas e na
ignorância de que a língua é um fenômeno social e, inevitavelmente, variável.
4. As análises dos gêneros feitas por Leite são de grande valia aos estudos sobre preconceito e intolerância contra
determinadas variedades linguísticas, mas sua abordagem sobre a ocorrência desses fenômenos na escola é, sem sombra de
dúvidas, o que coroa sua obra, visto que, além da influência da sociedade em geral, a escola (infelizmente) tem sido a grande
incentivadora do preconceito e da intolerância linguísticos. A insistência da escola em ensinar, de forma supervalorizada, as
regras gramaticais – às vezes, sem levar em consideração as variedades linguísticas dos alunos – cria na mente dos
estudantes a ideia de que a norma culta é a que “reina” na sociedade. Isso gera uma atitude corretiva do indivíduo consigo
mesmo – num “policiamento linguístico” – e de um indivíduo para com outro – numa posição soberba e acusadora a que subjaz
o pensamento: “Você fala errado! Eu estudo e falo certo, logo, eu posso corrigir seu erro”.
5. Essa é a face negativa da norma culta. Essa falsa superioridade e desprezo sobre as outras variedades linguísticas, o
que, infelizmente, gera o preconceito e a intolerância, não apenas contra a linguagem de quem faz uso de outras normas, mas
contra a própria pessoa. O uso e o ensino da norma culta são, sem dúvida, essenciais. Ela deve ter, sim, seu lugar na
sociedade e na escola, de forma que todos possam ter a capacidade de comportar-se linguisticamente de forma adequada em
cada situação comunicativa. O que se torna necessário, como conclui Leite, é que as pessoas não julguem umas às outras
pela linguagem de que fazem uso, mas que haja o respeito, a tolerância, a aceitação e a valorização de todas as normas
linguísticas, pois todas, igualmente, são válidas e essenciais à vida da comunidade linguística.
Talita Santos Menezes. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-face-negativa-da-norma-culta/118492. Acesso em 05/09/2016.
(Adaptado).
Um dos subtemas tratados no Texto 1 atinge a
atuação pedagógica da escola. Nesse sentido, a
autora:
Q2051191
Português
Texto associado
TEXTO 1
A face negativa da norma culta
1. Há tempos que os trabalhos no campo da linguística brasileira têm como uma de suas principais preocupações os
modos de ensino da norma culta da Língua Portuguesa. Vista como símbolo do bem-falar, a norma culta é amplamente
defendida como a “variedade linguística de maior prestígio social”, assim descrita na maioria das gramáticas. Nesse sentido, o
ensino de português, de um modo geral, tem se pautado na transmissão das regras subjacentes a essa norma. As gramáticas
e os livros didáticos, além de darem continuidade a um comércio editorial, que se diz capaz de oferecer essa “arte do bemfalar” aos incapazes de adquiri-la socialmente, em suas atividades linguísticas cotidianas, apenas reforçam a ideia absurda de
que a norma culta é a única aceitável, e quem não souber dominá-la será excluído do conjunto dos indivíduos que “sabem falar
português”.
2. Essa ideia de supervalorização da norma culta e de sua superioridade sobre as outras variedades passou a ser senso
comum na sociedade, gerando, assim, uma onda de preconceito e intolerância, já que se subentende que qualquer uso que
fuja à norma será considerado “inferior e desprestigiado”. O livro “Preconceito e intolerância na linguagem”, da professora Marli
Quadros Leite, abordou esse problema e constatou a ocorrência de intolerâncias, sobretudo, em discursos da imprensa escrita.
[...]
3. A primeira reflexão trazida por Leite é a de que o preconceito contra a linguagem não é apenas linguístico, mas
também social e político. Por meio das análises feitas, é possível perceber, por exemplo, o preconceito e a intolerância contra o
povo nordestino, mostrados, principalmente, por habitantes das regiões Sul e Sudeste. [...] Fica evidente que os argumentos
daqueles que têm preconceito contra a linguagem do nordestino baseiam-se na ideia de que se trata de uma linguagem
“errada”, utilizada por pessoas de baixo prestígio social e que “não sabem falar o português”. Esse tipo de pensamento tem –
em grande parte – origem na distinção entre norma culta e norma popular, na negação de outras variedades linguísticas e na
ignorância de que a língua é um fenômeno social e, inevitavelmente, variável.
4. As análises dos gêneros feitas por Leite são de grande valia aos estudos sobre preconceito e intolerância contra
determinadas variedades linguísticas, mas sua abordagem sobre a ocorrência desses fenômenos na escola é, sem sombra de
dúvidas, o que coroa sua obra, visto que, além da influência da sociedade em geral, a escola (infelizmente) tem sido a grande
incentivadora do preconceito e da intolerância linguísticos. A insistência da escola em ensinar, de forma supervalorizada, as
regras gramaticais – às vezes, sem levar em consideração as variedades linguísticas dos alunos – cria na mente dos
estudantes a ideia de que a norma culta é a que “reina” na sociedade. Isso gera uma atitude corretiva do indivíduo consigo
mesmo – num “policiamento linguístico” – e de um indivíduo para com outro – numa posição soberba e acusadora a que subjaz
o pensamento: “Você fala errado! Eu estudo e falo certo, logo, eu posso corrigir seu erro”.
5. Essa é a face negativa da norma culta. Essa falsa superioridade e desprezo sobre as outras variedades linguísticas, o
que, infelizmente, gera o preconceito e a intolerância, não apenas contra a linguagem de quem faz uso de outras normas, mas
contra a própria pessoa. O uso e o ensino da norma culta são, sem dúvida, essenciais. Ela deve ter, sim, seu lugar na
sociedade e na escola, de forma que todos possam ter a capacidade de comportar-se linguisticamente de forma adequada em
cada situação comunicativa. O que se torna necessário, como conclui Leite, é que as pessoas não julguem umas às outras
pela linguagem de que fazem uso, mas que haja o respeito, a tolerância, a aceitação e a valorização de todas as normas
linguísticas, pois todas, igualmente, são válidas e essenciais à vida da comunidade linguística.
Talita Santos Menezes. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-face-negativa-da-norma-culta/118492. Acesso em 05/09/2016.
(Adaptado).
Podemos afirmar que o Texto 1 apresenta sinais de
que está devidamente coeso, pois:
Q2051195
Português
Texto associado
TEXTO 2
Dia dos Morenos
– Mãe, você sabia que quinta-feira não vai ter aula?
– É, filha, eu sei...
A garota, de apenas cinco anos, se apressa na explicação:
– É porque quinta-feira é feriado. É o dia dos Morenos...
O Diálogo que intrigou a mãe ocorreu na semana passada.
Ao chamar o Dia da Consciência Negra assim, a criança, na
inocência de seu eufemismo involuntário, que
provavelmente ouviu de algum (inocente?), toca o nervo da
questão racial no Brasil.
Transformar a morte de Zumbi dos Palmares numa data
“morena” é um sintoma do nosso racismo cordial, sem
dúvida, mas também é uma forma de exaltar a mistura
étnica da nossa formação, o caldeirão biológico e cultural
em que borbulha nossa civilização mestiça.
Entre nós, a escravidão não foi um impedimento à
miscigenação. Mas tampouco a miscigenação impediu que
a herança brutal da escravidão sobrevivesse à Abolição,
impondo-se ainda hoje, depois de 120 anos, como fardo e
vergonha nacional.
Que ninguém de boa-fé subestime a exclusão de negros no
Brasil de hoje. A pesquisa publicada pela Folha oferece um
retrato abundante das nossas iniquidades. Entre os 10%
mais pobres do país, 68% são pretos e pardos. Não choca?
Uma inflamada discussão sobre cotas ganha corpo no país.
O tema é complexo. Penso que políticas de inclusão com
critérios de renda seriam socialmente mais eficazes e
menos traumáticas que as cotas raciais, vistas pela maioria
como “necessárias”, mas “humilhantes”.
O governo parece conduzir a questão com exagero
populista e excessos facilitários. Quantos alunos da rede
pública estão no ensino médio e não sabem escrever? O
“pobrema” é mais embaixo.
Mas o que chama a atenção nesse debate é a fúria de
certos militantes anticotas para negros. Esbravejam como
se um mundo – repleto de morenices e privilégios – fosse
se extinguir.
(Fernando de Barros e Silva. Dia dos morenos. Folha de S. Paulo.
24 de nov. 2008).
Em relação ao vocabulário em uso no Texto 2,
podemos fazer alguns comentários. Identifique aquele
que tem consistência teórica.
Q2051198
Português
Texto associado
TEXTO 3
Já que praticamente todas as nossas ações diárias mais
significativas estão revestidas de linguagem, é importante
saber algo sobre o seu funcionamento. E esse
funcionamento da linguagem é tão espontâneo que não nos
damos conta de sua complexidade.
Quando falamos ou escrevemos, não temos muita
consciência das regras usadas ou das decisões tomadas,
pois essas ações são tão rotineiras que fluem de modo
inconsciente.
Por outro lado, as atividades sociais e cognitivas marcadas
pela linguagem são sempre colaborativas e não atos
individuais. Por isso, seguidamente operam como fontes de
mal-entendidos. Como seres produtores de sentidos, não
somos tão lineares e transparentes quanto seria de desejar,
e a compreensão humana depende da cooperação mútua.
Sendo uma atividade de produção de sentidos colaborativa,
a compreensão não é um simples ato de identificação de
informações, mas uma construção de sentidos com base
em atividades inferenciais.
Para se compreender bem um texto, tem-se que sair dele,
pois o texto sempre monitora o seu leitor para além de si
próprio, e esse é um aspecto notável quanto à produção de
sentido.
Tal concepção teórica traz consequências, como, por
exemplo, as seguintes: a) entender um texto não equivale a
entender palavras ou frases; b) entender as frases ou as
palavras é vê-las em um contexto maior; c) entender é
produzir sentidos e não extrair conteúdos prontos; d)
entender um texto demanda uma relação de vários outros
tipos de conhecimentos, além do linguístico que consta na
superfície do texto.
(Luís Antônio Marcuschi. Produção textual, análise de gêneros e
compreensão. São Paulo: Editora Parábola, Record, 2008, p. 233.
Adaptado).
O Texto 3, visto globalmente, destaca como
pertinente: