Em 18 de novembro de 2013, o Secretário de Estado dos
Estados Unidos, John Kerry, fez um pouco notado discurso na
Organização dos Estados Americanos (OEA) em que afirmou
categoricamente que “a era da Doutrina Monroe terminou”.
Tal assertiva carregava consigo um peso simbólico bastante
significativo do ponto de vista das relações internacionais entre
Estados Unidos e seus vizinhos ao sul e trazia à tona a oportunidade de um reexame desse, que é um dos mais longevos
princípios de política externa dos Estados Unidos. A frase que
ficou conhecida na história como resumindo o espírito da chamada Doutrina Monroe – “A América para os Americanos” –
ajudou a consolidar a percepção de que a referida política tinha
como alvo a totalidade do continente americano. Ainda que o
próprio presidente Monroe jamais tenha proferido tal frase
durante o seu discurso anual ao Congresso dos Estados Unidos
em 1823, considerado o marco da Doutrina Monroe, o mandatário norte-americano foi muito claro ao declarar em um
determinado momento do discurso que “devemos considerar
qualquer tentativa da parte deles [europeus] de estender seu
sistema para qualquer parte desse hemisfério como um perigo
para a nossa paz e segurança”.
(Uma política para o continente – reinterpretando a Doutrina Monroe.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7329201400307.)
Prestes a completar os seus dois séculos de sua declaração, a
Doutrina Monroe já gerou inúmeros debates, tanto quanto
episódios considerados controversos por parte de outras nações em relação aos Estados Unidos da América. Sobre os
países da América Latina, especificamente no século XIX: