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Ano: 2024
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-MS
Provas:
FGV - 2024 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim
|
FGV - 2024 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Meio |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Governança |
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Q2489697
Português
Texto associado
Texto – A bananeira está em perigo. Conheça as soluções.
(Fragmento; adaptado)
Robusta, nutritiva e abundante, ela é a fruta mais consumida do
mundo. Mas também tem um ponto fraco: as bananeiras são
geneticamente idênticas, clones umas das outras. Isso significa
que uma doença poderia arrasar a produção mundial. Entenda o
que ameaça a banana – e a corrida para tentar salvá-la.
Por Bruno Garattoni, Renata Cardoso e Leonardo Pujol
§1º Carlos II, rei da Espanha entre 1665 e 1700, também era
conhecido como Carlos, o Enfeitiçado. O apelido veio da
aparência dele, que tinha o rosto estranhamente deformado, do
seu déficit cognitivo (só começou a falar aos 4 anos de idade) e
dos muitos problemas de saúde que enfrentou ao longo da vida.
§2º A bananeira é o oposto disso. Trata-se de uma planta robusta
e viçosa, que cresce rápido e dá muitos frutos: a banana é a fruta
mais consumida do mundo, com 125 milhões de toneladas
produzidas por ano [...].
§3º Carlos II foi o resultado de uma série de casamentos
consanguíneos, em que os membros da dinastia Habsburgo
tiveram filhos entre si ao longo de várias gerações. [...] Mas a
prática teve uma consequência terrível: os descendentes ficaram
mais e mais parecidos geneticamente, e foram acumulando
mutações causadoras de doenças.
[...]
§4º A bananeira domesticada, cujas frutas nós comemos, não
tem sementes. Isso a torna muito mais agradável de consumir. E
também significa que a planta se reproduz de forma assexuada: o
agricultor simplesmente corta um pedaço dela e enterra em
outro lugar.
§5º Nasce uma nova bananeira – que, eis o problema, é
geneticamente idêntica à anterior. Ela não tem, como Carlos II
não teve, um pai e uma mãe com genes bem diferentes, cuja
mistura aperfeiçoa o DNA e ajuda a proteger contra doenças. As
bananeiras são clones – por isso, um único patógeno pode
exterminá-las todas.
§6º E já existe um: o Fusarium oxysporum. Trata-se de um fungo
que se desenvolve no solo, e infecta as raízes das bananeiras,
impedindo que elas puxem água e nutrientes.
§7º Após a infecção, o solo fica contaminado por mais de 30
anos, e não há nada a fazer: o F. oxysporum é imune a todos os
agrotóxicos.
[...]
O preço da banana
[...]
§8º A banana comestível teria surgido no sudoeste asiático.
Acredita-se que, entre 7 mil e 5 mil a.C., os nativos da PapuaNova Guiné teriam feito cruzamentos e domesticado as
bananeiras selvagens (cheias de sementes duras, de quebrar os
dentes). E voilà: desenvolveram bananeiras que produzem frutos
sem sementes.
§9º Aqueles pontinhos pretos dentro da banana, caso você esteja
se perguntando, não são sementes: trata-se de óvulos não
fecundados. Isso porque os papuásios descobriram um método
curioso para reproduzir a planta: bastava cortar e replantar um
pedaço dela.
[...]
§10º Os séculos se passaram, e, à medida que as rotas comerciais
foram se espalhando pelo mundo, o mesmo aconteceu com a
banana [...].
§11º Foi quando ela chegou aos EUA, contudo, que a coisa
mudou de patamar. [...] Em menos de duas décadas, os
americanos já estavam comendo mais bananas do que maçãs ou
laranjas. De olho nesse mercado, a Boston Fruit Company
começou a comprar terras na América Central para cultivo e
exportação da banana a partir de 1885.
§12º Criada em 1899, a United Fruit Company (UFC) – atual
Chiquita Brands International – se tornou a maior empresa do
setor. Era tão poderosa que, na primeira metade do século 20,
mandava nos governos da Guatemala e de Honduras, onde
mantinha plantações – foi daí que surgiu a expressão “república
das bananas”.
[...]
§13º Em 1951, Juan Jacobo Árbenz Guzmán, de apenas 38 anos,
foi eleito presidente da Guatemala com a promessa de fazer duas
reformas: uma trabalhista e outra agrária, que garantissem
salários justos e devolvessem parte da terra aos pequenos
agricultores.
§14º A United Fruit, obviamente, não gostou. Se opôs duramente
ao novo governo, e em agosto de 1953 conseguiu convencer o
presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, a patrocinar um
golpe de estado na Guatemala.
§15º A operação, de codinome PBSuccess, foi organizada pela CIA
– que armou, financiou e treinou 480 homens, liderados pelo
coronel guatemalteco Carlos Castillo Armas, e também organizou
um bloqueio naval.
§16º As tropas de Castillo invadiram o país em 18 de junho de
1954, o Exército não reagiu – e, nove dias depois, o presidente
Guzmán acabou forçado a renunciar. A Guatemala mergulhou em
uma guerra civil que duraria 36 anos. E a United retomou seu
poder. [...]
Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/o-futuro-dabanana
Nas alternativas abaixo, vemos, à esquerda, uma passagem do
texto 1 e, à direita, essa mesma passagem reescrita com uma
modificação.
O único caso em que essa modificação NÃO produz erro quanto à flexão ou grafia de uma forma verbal é:
O único caso em que essa modificação NÃO produz erro quanto à flexão ou grafia de uma forma verbal é:
Ano: 2024
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-MS
Provas:
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|
FGV - 2024 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Meio |
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Q2489691
Português
Texto associado
Texto – A bananeira está em perigo. Conheça as soluções.
(Fragmento; adaptado)
Robusta, nutritiva e abundante, ela é a fruta mais consumida do
mundo. Mas também tem um ponto fraco: as bananeiras são
geneticamente idênticas, clones umas das outras. Isso significa
que uma doença poderia arrasar a produção mundial. Entenda o
que ameaça a banana – e a corrida para tentar salvá-la.
Por Bruno Garattoni, Renata Cardoso e Leonardo Pujol
§1º Carlos II, rei da Espanha entre 1665 e 1700, também era
conhecido como Carlos, o Enfeitiçado. O apelido veio da
aparência dele, que tinha o rosto estranhamente deformado, do
seu déficit cognitivo (só começou a falar aos 4 anos de idade) e
dos muitos problemas de saúde que enfrentou ao longo da vida.
§2º A bananeira é o oposto disso. Trata-se de uma planta robusta
e viçosa, que cresce rápido e dá muitos frutos: a banana é a fruta
mais consumida do mundo, com 125 milhões de toneladas
produzidas por ano [...].
§3º Carlos II foi o resultado de uma série de casamentos
consanguíneos, em que os membros da dinastia Habsburgo
tiveram filhos entre si ao longo de várias gerações. [...] Mas a
prática teve uma consequência terrível: os descendentes ficaram
mais e mais parecidos geneticamente, e foram acumulando
mutações causadoras de doenças.
[...]
§4º A bananeira domesticada, cujas frutas nós comemos, não
tem sementes. Isso a torna muito mais agradável de consumir. E
também significa que a planta se reproduz de forma assexuada: o
agricultor simplesmente corta um pedaço dela e enterra em
outro lugar.
§5º Nasce uma nova bananeira – que, eis o problema, é
geneticamente idêntica à anterior. Ela não tem, como Carlos II
não teve, um pai e uma mãe com genes bem diferentes, cuja
mistura aperfeiçoa o DNA e ajuda a proteger contra doenças. As
bananeiras são clones – por isso, um único patógeno pode
exterminá-las todas.
§6º E já existe um: o Fusarium oxysporum. Trata-se de um fungo
que se desenvolve no solo, e infecta as raízes das bananeiras,
impedindo que elas puxem água e nutrientes.
§7º Após a infecção, o solo fica contaminado por mais de 30
anos, e não há nada a fazer: o F. oxysporum é imune a todos os
agrotóxicos.
[...]
O preço da banana
[...]
§8º A banana comestível teria surgido no sudoeste asiático.
Acredita-se que, entre 7 mil e 5 mil a.C., os nativos da PapuaNova Guiné teriam feito cruzamentos e domesticado as
bananeiras selvagens (cheias de sementes duras, de quebrar os
dentes). E voilà: desenvolveram bananeiras que produzem frutos
sem sementes.
§9º Aqueles pontinhos pretos dentro da banana, caso você esteja
se perguntando, não são sementes: trata-se de óvulos não
fecundados. Isso porque os papuásios descobriram um método
curioso para reproduzir a planta: bastava cortar e replantar um
pedaço dela.
[...]
§10º Os séculos se passaram, e, à medida que as rotas comerciais
foram se espalhando pelo mundo, o mesmo aconteceu com a
banana [...].
§11º Foi quando ela chegou aos EUA, contudo, que a coisa
mudou de patamar. [...] Em menos de duas décadas, os
americanos já estavam comendo mais bananas do que maçãs ou
laranjas. De olho nesse mercado, a Boston Fruit Company
começou a comprar terras na América Central para cultivo e
exportação da banana a partir de 1885.
§12º Criada em 1899, a United Fruit Company (UFC) – atual
Chiquita Brands International – se tornou a maior empresa do
setor. Era tão poderosa que, na primeira metade do século 20,
mandava nos governos da Guatemala e de Honduras, onde
mantinha plantações – foi daí que surgiu a expressão “república
das bananas”.
[...]
§13º Em 1951, Juan Jacobo Árbenz Guzmán, de apenas 38 anos,
foi eleito presidente da Guatemala com a promessa de fazer duas
reformas: uma trabalhista e outra agrária, que garantissem
salários justos e devolvessem parte da terra aos pequenos
agricultores.
§14º A United Fruit, obviamente, não gostou. Se opôs duramente
ao novo governo, e em agosto de 1953 conseguiu convencer o
presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, a patrocinar um
golpe de estado na Guatemala.
§15º A operação, de codinome PBSuccess, foi organizada pela CIA
– que armou, financiou e treinou 480 homens, liderados pelo
coronel guatemalteco Carlos Castillo Armas, e também organizou
um bloqueio naval.
§16º As tropas de Castillo invadiram o país em 18 de junho de
1954, o Exército não reagiu – e, nove dias depois, o presidente
Guzmán acabou forçado a renunciar. A Guatemala mergulhou em
uma guerra civil que duraria 36 anos. E a United retomou seu
poder. [...]
Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/o-futuro-dabanana
A conjunção “e” apresenta, primariamente, valor aditivo. Dentre
as alternativas abaixo, o único caso em que ela exibe,
adicionalmente, valor conclusivo é:
Ano: 2024
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-MS
Provas:
FGV - 2024 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim
|
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Q2489690
Português
Texto associado
Texto – A bananeira está em perigo. Conheça as soluções.
(Fragmento; adaptado)
Robusta, nutritiva e abundante, ela é a fruta mais consumida do
mundo. Mas também tem um ponto fraco: as bananeiras são
geneticamente idênticas, clones umas das outras. Isso significa
que uma doença poderia arrasar a produção mundial. Entenda o
que ameaça a banana – e a corrida para tentar salvá-la.
Por Bruno Garattoni, Renata Cardoso e Leonardo Pujol
§1º Carlos II, rei da Espanha entre 1665 e 1700, também era
conhecido como Carlos, o Enfeitiçado. O apelido veio da
aparência dele, que tinha o rosto estranhamente deformado, do
seu déficit cognitivo (só começou a falar aos 4 anos de idade) e
dos muitos problemas de saúde que enfrentou ao longo da vida.
§2º A bananeira é o oposto disso. Trata-se de uma planta robusta
e viçosa, que cresce rápido e dá muitos frutos: a banana é a fruta
mais consumida do mundo, com 125 milhões de toneladas
produzidas por ano [...].
§3º Carlos II foi o resultado de uma série de casamentos
consanguíneos, em que os membros da dinastia Habsburgo
tiveram filhos entre si ao longo de várias gerações. [...] Mas a
prática teve uma consequência terrível: os descendentes ficaram
mais e mais parecidos geneticamente, e foram acumulando
mutações causadoras de doenças.
[...]
§4º A bananeira domesticada, cujas frutas nós comemos, não
tem sementes. Isso a torna muito mais agradável de consumir. E
também significa que a planta se reproduz de forma assexuada: o
agricultor simplesmente corta um pedaço dela e enterra em
outro lugar.
§5º Nasce uma nova bananeira – que, eis o problema, é
geneticamente idêntica à anterior. Ela não tem, como Carlos II
não teve, um pai e uma mãe com genes bem diferentes, cuja
mistura aperfeiçoa o DNA e ajuda a proteger contra doenças. As
bananeiras são clones – por isso, um único patógeno pode
exterminá-las todas.
§6º E já existe um: o Fusarium oxysporum. Trata-se de um fungo
que se desenvolve no solo, e infecta as raízes das bananeiras,
impedindo que elas puxem água e nutrientes.
§7º Após a infecção, o solo fica contaminado por mais de 30
anos, e não há nada a fazer: o F. oxysporum é imune a todos os
agrotóxicos.
[...]
O preço da banana
[...]
§8º A banana comestível teria surgido no sudoeste asiático.
Acredita-se que, entre 7 mil e 5 mil a.C., os nativos da PapuaNova Guiné teriam feito cruzamentos e domesticado as
bananeiras selvagens (cheias de sementes duras, de quebrar os
dentes). E voilà: desenvolveram bananeiras que produzem frutos
sem sementes.
§9º Aqueles pontinhos pretos dentro da banana, caso você esteja
se perguntando, não são sementes: trata-se de óvulos não
fecundados. Isso porque os papuásios descobriram um método
curioso para reproduzir a planta: bastava cortar e replantar um
pedaço dela.
[...]
§10º Os séculos se passaram, e, à medida que as rotas comerciais
foram se espalhando pelo mundo, o mesmo aconteceu com a
banana [...].
§11º Foi quando ela chegou aos EUA, contudo, que a coisa
mudou de patamar. [...] Em menos de duas décadas, os
americanos já estavam comendo mais bananas do que maçãs ou
laranjas. De olho nesse mercado, a Boston Fruit Company
começou a comprar terras na América Central para cultivo e
exportação da banana a partir de 1885.
§12º Criada em 1899, a United Fruit Company (UFC) – atual
Chiquita Brands International – se tornou a maior empresa do
setor. Era tão poderosa que, na primeira metade do século 20,
mandava nos governos da Guatemala e de Honduras, onde
mantinha plantações – foi daí que surgiu a expressão “república
das bananas”.
[...]
§13º Em 1951, Juan Jacobo Árbenz Guzmán, de apenas 38 anos,
foi eleito presidente da Guatemala com a promessa de fazer duas
reformas: uma trabalhista e outra agrária, que garantissem
salários justos e devolvessem parte da terra aos pequenos
agricultores.
§14º A United Fruit, obviamente, não gostou. Se opôs duramente
ao novo governo, e em agosto de 1953 conseguiu convencer o
presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, a patrocinar um
golpe de estado na Guatemala.
§15º A operação, de codinome PBSuccess, foi organizada pela CIA
– que armou, financiou e treinou 480 homens, liderados pelo
coronel guatemalteco Carlos Castillo Armas, e também organizou
um bloqueio naval.
§16º As tropas de Castillo invadiram o país em 18 de junho de
1954, o Exército não reagiu – e, nove dias depois, o presidente
Guzmán acabou forçado a renunciar. A Guatemala mergulhou em
uma guerra civil que duraria 36 anos. E a United retomou seu
poder. [...]
Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/o-futuro-dabanana
“Mas também tem um ponto fraco: as bananeiras são
geneticamente idênticas, clones umas das outras.” (Texto 1, linha
fina, situada abaixo do título)
Nessa passagem, os dois-pontos introduzem uma especificação.
Dentre os usos abaixo, o único em que os dois-pontos NÃO introduzem uma especificação, e sim uma explicação, é:
Nessa passagem, os dois-pontos introduzem uma especificação.
Dentre os usos abaixo, o único em que os dois-pontos NÃO introduzem uma especificação, e sim uma explicação, é:
Ano: 2024
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-MS
Provas:
FGV - 2024 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim
|
FGV - 2024 - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Meio |
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FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Infraestrutura de Redes |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Segurança de TI |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Sistemas |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Analista de Suporte de TI |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista de Sistemas Computacionais - Web Designer |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Analista Técnico-Contábil - Contabilidade |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Antropólogo - Antropologia |
FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Arquiteto - Arquitetura |
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FGV - 2024 - TJ-MS - Técnico de Nível Superior - Engenheiro Civil - Engenharia Civil |
Q2489689
Português
Texto associado
Texto – A bananeira está em perigo. Conheça as soluções.
(Fragmento; adaptado)
Robusta, nutritiva e abundante, ela é a fruta mais consumida do
mundo. Mas também tem um ponto fraco: as bananeiras são
geneticamente idênticas, clones umas das outras. Isso significa
que uma doença poderia arrasar a produção mundial. Entenda o
que ameaça a banana – e a corrida para tentar salvá-la.
Por Bruno Garattoni, Renata Cardoso e Leonardo Pujol
§1º Carlos II, rei da Espanha entre 1665 e 1700, também era
conhecido como Carlos, o Enfeitiçado. O apelido veio da
aparência dele, que tinha o rosto estranhamente deformado, do
seu déficit cognitivo (só começou a falar aos 4 anos de idade) e
dos muitos problemas de saúde que enfrentou ao longo da vida.
§2º A bananeira é o oposto disso. Trata-se de uma planta robusta
e viçosa, que cresce rápido e dá muitos frutos: a banana é a fruta
mais consumida do mundo, com 125 milhões de toneladas
produzidas por ano [...].
§3º Carlos II foi o resultado de uma série de casamentos
consanguíneos, em que os membros da dinastia Habsburgo
tiveram filhos entre si ao longo de várias gerações. [...] Mas a
prática teve uma consequência terrível: os descendentes ficaram
mais e mais parecidos geneticamente, e foram acumulando
mutações causadoras de doenças.
[...]
§4º A bananeira domesticada, cujas frutas nós comemos, não
tem sementes. Isso a torna muito mais agradável de consumir. E
também significa que a planta se reproduz de forma assexuada: o
agricultor simplesmente corta um pedaço dela e enterra em
outro lugar.
§5º Nasce uma nova bananeira – que, eis o problema, é
geneticamente idêntica à anterior. Ela não tem, como Carlos II
não teve, um pai e uma mãe com genes bem diferentes, cuja
mistura aperfeiçoa o DNA e ajuda a proteger contra doenças. As
bananeiras são clones – por isso, um único patógeno pode
exterminá-las todas.
§6º E já existe um: o Fusarium oxysporum. Trata-se de um fungo
que se desenvolve no solo, e infecta as raízes das bananeiras,
impedindo que elas puxem água e nutrientes.
§7º Após a infecção, o solo fica contaminado por mais de 30
anos, e não há nada a fazer: o F. oxysporum é imune a todos os
agrotóxicos.
[...]
O preço da banana
[...]
§8º A banana comestível teria surgido no sudoeste asiático.
Acredita-se que, entre 7 mil e 5 mil a.C., os nativos da PapuaNova Guiné teriam feito cruzamentos e domesticado as
bananeiras selvagens (cheias de sementes duras, de quebrar os
dentes). E voilà: desenvolveram bananeiras que produzem frutos
sem sementes.
§9º Aqueles pontinhos pretos dentro da banana, caso você esteja
se perguntando, não são sementes: trata-se de óvulos não
fecundados. Isso porque os papuásios descobriram um método
curioso para reproduzir a planta: bastava cortar e replantar um
pedaço dela.
[...]
§10º Os séculos se passaram, e, à medida que as rotas comerciais
foram se espalhando pelo mundo, o mesmo aconteceu com a
banana [...].
§11º Foi quando ela chegou aos EUA, contudo, que a coisa
mudou de patamar. [...] Em menos de duas décadas, os
americanos já estavam comendo mais bananas do que maçãs ou
laranjas. De olho nesse mercado, a Boston Fruit Company
começou a comprar terras na América Central para cultivo e
exportação da banana a partir de 1885.
§12º Criada em 1899, a United Fruit Company (UFC) – atual
Chiquita Brands International – se tornou a maior empresa do
setor. Era tão poderosa que, na primeira metade do século 20,
mandava nos governos da Guatemala e de Honduras, onde
mantinha plantações – foi daí que surgiu a expressão “república
das bananas”.
[...]
§13º Em 1951, Juan Jacobo Árbenz Guzmán, de apenas 38 anos,
foi eleito presidente da Guatemala com a promessa de fazer duas
reformas: uma trabalhista e outra agrária, que garantissem
salários justos e devolvessem parte da terra aos pequenos
agricultores.
§14º A United Fruit, obviamente, não gostou. Se opôs duramente
ao novo governo, e em agosto de 1953 conseguiu convencer o
presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower, a patrocinar um
golpe de estado na Guatemala.
§15º A operação, de codinome PBSuccess, foi organizada pela CIA
– que armou, financiou e treinou 480 homens, liderados pelo
coronel guatemalteco Carlos Castillo Armas, e também organizou
um bloqueio naval.
§16º As tropas de Castillo invadiram o país em 18 de junho de
1954, o Exército não reagiu – e, nove dias depois, o presidente
Guzmán acabou forçado a renunciar. A Guatemala mergulhou em
uma guerra civil que duraria 36 anos. E a United retomou seu
poder. [...]
Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/o-futuro-dabanana
“Aqueles pontinhos pretos dentro da banana, caso você esteja se
perguntando, não são sementes [...]” (9º parágrafo)
Tipicamente, uma oração condicional expressa uma condição que precisa ser satisfeita para que uma determinada situação seja verdadeira. Na passagem acima, porém, isso não ocorre, o que caracteriza um uso não convencional da oração condicional.
A alternativa em que se verifica um uso não convencional, análogo ao da passagem acima, da oração condicional é:
Tipicamente, uma oração condicional expressa uma condição que precisa ser satisfeita para que uma determinada situação seja verdadeira. Na passagem acima, porém, isso não ocorre, o que caracteriza um uso não convencional da oração condicional.
A alternativa em que se verifica um uso não convencional, análogo ao da passagem acima, da oração condicional é:
Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ
Prova:
Instituto Consulplan - 2024 - Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ - Professor II - Intérprete de Libras - Profissional Ouvinte |
Q2488565
Português
Texto associado
Na escuridão miserável
Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha
o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro
da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um
animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:
– O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.
– Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.
– O que é que você está me olhando aí?
– Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...
– Onde é que você mora?
– Na Praia do Pinto.
– Vou para aquele lado. Quer uma carona?
Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:
– Entra aí, que eu te levo.
Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente,
não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:
– Como é o seu nome?
– Teresa.
– Quantos anos você tem, Teresa?
– Dez.
– E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?
– A casa da minha patroa é ali.
– Patroa? Que patroa?
Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa,
servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.
– Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.
– Você já jantou?
– Não. Eu almocei.
– Você não almoça todo dia?
– Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.
– E quando não tem?
– Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições
de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos
meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de
sentimentalismo burguês:
– Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.
– Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.
– E quanto é que você ganha?
Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que
alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.
– Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua
do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:
– Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra
eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete
meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.
Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.
(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Assinale a alternativa em que ocorra erro de concordância.