Questões de Vestibular de Português
Foram encontradas 11.250 questões
Ano: 2022
Banca:
CEV-URCA
Órgão:
URCA
Prova:
CEV-URCA - 2022 - URCA - PROVA II: História, Geografia, Língua Portuguesa e Inglês |
Q2093145
Português
Texto associado
De volta pra casa: decolonização na paleontologia
A primeira ilustração de um fóssil brasileiro foi publicada no
livro Viagem pelo Brasil, dos naturalistas alemães Johann B. von
Spix (1781-1826) e Carl F. P. von Martius (1794-1868). Ambos
fizeram parte da comitiva da arquiduquesa austríaca Maria Leopoldina (1797-1826), quando ela veio para o país devido ao seu
casamento com D. Pedro I. O material ilustrado em 1823 pode ser
identificado como uma arcada de um mastodonte (parente distante
extinto dos elefantes) do Pleistoceno (há aproximadamente 12 mil
anos) e um peixe dos depósitos cretáceos (110 milhões de anos) da
bacia do Araripe, no nordeste brasileiro.
Mas o mundo mudou e, graças à ação de muitos pesquisadores,
o Brasil passou a ter várias instituições para abrigar essas riquezas, que evidenciam a diversificação da vida no tempo profundo.
Hoje, a comunidade de paleontólogos, apoiada por pesquisadores
e pessoas de diversas partes do mundo, tem procurado despertar
a atenção para que fósseis relevantes não deixem mais o país e as
principais peças que já não estão mais aqui sejam trazidas de volta.
Trata-se de uma espécie de decolonização da paleontologia, um
movimento de repatriação de exemplares importantes que tenham
sido retirados do Brasil à revelia, impedindo o enriquecimento da
cultura e da pesquisa brasileiras.
Não são poucos os exemplares brasileiros importantes que se
encontram depositados no exterior. Dinossauros, pterossauros, insetos, peixes e plantas - a maior parte retirada de forma duvidosa
do território nacional e, às vezes, com uma aparente conivência
do órgão fiscalizador - foram descritos ao longo de décadas e
enriquecem museus estrangeiros, principalmente na Europa e na
América do Norte. Os depósitos brasileiros mais afetados são
os encontrados na bacia do Araripe, curiosamente, de onde provém um daqueles dois primeiros fósseis brasileiros ilustrados. O
motivo principal é a riqueza do material dessa região: numeroso,
diversificado e, sobretudo, muito bem preservado, o que encanta
pesquisadores e públicos em todo o mundo.
No entanto, se, em determinado momento histórico, a saída
de material paleontológico poderia encontrar alguma justificativa
(mesmo que passível de questionamento), o mesmo não ocorre nos
dias de hoje. A legislação vigente no Brasil regula o trabalho com
fósseis no país e dispõe sobre sua proteção, com destaque para o
Decreto-Lei n.º 4.146, publicado em 1942, durante o governo de
Getúlio Vargas. De forma simplificada, como, pela Constituição
Federal, os bens encontrados no subsolo pertencem à União, todos
que queiram fazer extração de fósseis necessitam de uma autorização da Agência Nacional de Mineração, com exceção dos pesquisadores que estejam vinculados a uma instituição de pesquisa e
ensino.
(Texto de Alexander W. A. Kellner, disponível em https://cienciahoje.org.br/artigo/de-volta-pra-casa-decolonizacao-na-paleontologia/. Adaptado.)
(URCA/2022.2) Considerando-se a sentença "Trata-se de
uma espécie de decolonização da paleontologia, um movimento de repatriação de exemplares importantes que
tenham sido retirados do Brasil à revelia, impedindo o
enriquecimento da cultura e da pesquisa brasileiras.", é
incorreto afirmar que:
Ano: 2022
Banca:
CEV-URCA
Órgão:
URCA
Prova:
CEV-URCA - 2022 - URCA - PROVA II: História, Geografia, Língua Portuguesa e Inglês |
Q2093144
Português
Texto associado
De volta pra casa: decolonização na paleontologia
A primeira ilustração de um fóssil brasileiro foi publicada no
livro Viagem pelo Brasil, dos naturalistas alemães Johann B. von
Spix (1781-1826) e Carl F. P. von Martius (1794-1868). Ambos
fizeram parte da comitiva da arquiduquesa austríaca Maria Leopoldina (1797-1826), quando ela veio para o país devido ao seu
casamento com D. Pedro I. O material ilustrado em 1823 pode ser
identificado como uma arcada de um mastodonte (parente distante
extinto dos elefantes) do Pleistoceno (há aproximadamente 12 mil
anos) e um peixe dos depósitos cretáceos (110 milhões de anos) da
bacia do Araripe, no nordeste brasileiro.
Mas o mundo mudou e, graças à ação de muitos pesquisadores,
o Brasil passou a ter várias instituições para abrigar essas riquezas, que evidenciam a diversificação da vida no tempo profundo.
Hoje, a comunidade de paleontólogos, apoiada por pesquisadores
e pessoas de diversas partes do mundo, tem procurado despertar
a atenção para que fósseis relevantes não deixem mais o país e as
principais peças que já não estão mais aqui sejam trazidas de volta.
Trata-se de uma espécie de decolonização da paleontologia, um
movimento de repatriação de exemplares importantes que tenham
sido retirados do Brasil à revelia, impedindo o enriquecimento da
cultura e da pesquisa brasileiras.
Não são poucos os exemplares brasileiros importantes que se
encontram depositados no exterior. Dinossauros, pterossauros, insetos, peixes e plantas - a maior parte retirada de forma duvidosa
do território nacional e, às vezes, com uma aparente conivência
do órgão fiscalizador - foram descritos ao longo de décadas e
enriquecem museus estrangeiros, principalmente na Europa e na
América do Norte. Os depósitos brasileiros mais afetados são
os encontrados na bacia do Araripe, curiosamente, de onde provém um daqueles dois primeiros fósseis brasileiros ilustrados. O
motivo principal é a riqueza do material dessa região: numeroso,
diversificado e, sobretudo, muito bem preservado, o que encanta
pesquisadores e públicos em todo o mundo.
No entanto, se, em determinado momento histórico, a saída
de material paleontológico poderia encontrar alguma justificativa
(mesmo que passível de questionamento), o mesmo não ocorre nos
dias de hoje. A legislação vigente no Brasil regula o trabalho com
fósseis no país e dispõe sobre sua proteção, com destaque para o
Decreto-Lei n.º 4.146, publicado em 1942, durante o governo de
Getúlio Vargas. De forma simplificada, como, pela Constituição
Federal, os bens encontrados no subsolo pertencem à União, todos
que queiram fazer extração de fósseis necessitam de uma autorização da Agência Nacional de Mineração, com exceção dos pesquisadores que estejam vinculados a uma instituição de pesquisa e
ensino.
(Texto de Alexander W. A. Kellner, disponível em https://cienciahoje.org.br/artigo/de-volta-pra-casa-decolonizacao-na-paleontologia/. Adaptado.)
(URCA/2022.2) Na sentença "Mas o mundo mudou e,
graças à ação de muitos pesquisadores, o Brasil passou a
ter várias instituições para abrigar essas riquezas, QUE
evidenciam a diversificação da vida no tempo profundo.
", que função sintática é exercida pelo pronome QUE:
Ano: 2023
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Provas:
PUC - RS - 2022 - PUC - RS - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina
|
PUC - RS - 2023 - PUC - RS - Vestibular - Medicina |
Q2092758
Português
O texto a seguir consiste no trecho inicial do conto Além do ponto, que integra o livro Morangos Mofados (1982), de
Caio Fernando Abreu (1948-1996).
Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia no meio da chuva, uma garrafa de conhaque e um maço de cigarros molhados no bolso. Teve uma hora que eu podia ter tomado um táxi, mas não era muito longe, e se eu tomasse o táxi não poderia comprar cigarros nem conhaque, e eu pensei com força que seria melhor chegar molhado, porque então beberíamos o conhaque, fazia frio, nem tanto frio, mais umidade que entrava pelo pano das roupas, pela sola fina dos sapatos, e fumaríamos beberíamos sem medidas, haveria discos, sempre aquelas vozes roucas, aquele sax gemido e o olho dele posto em cima de mim, ducha morna distendendo meus músculos. Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio e o nariz começava a escorrer, eu limpava com as costas da mão e o líquido do nariz endurecia logo sobre os pelos, eu enfiava as mãos avermelhadas nos bolsos e ia indo, eu ia indo pulando as poças d’água com as pernas geladas.
ABREU, Caio Fernando. Morangos Mofados. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 34.
Sobre o trecho, assinale a alternativa correta:
Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia no meio da chuva, uma garrafa de conhaque e um maço de cigarros molhados no bolso. Teve uma hora que eu podia ter tomado um táxi, mas não era muito longe, e se eu tomasse o táxi não poderia comprar cigarros nem conhaque, e eu pensei com força que seria melhor chegar molhado, porque então beberíamos o conhaque, fazia frio, nem tanto frio, mais umidade que entrava pelo pano das roupas, pela sola fina dos sapatos, e fumaríamos beberíamos sem medidas, haveria discos, sempre aquelas vozes roucas, aquele sax gemido e o olho dele posto em cima de mim, ducha morna distendendo meus músculos. Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio e o nariz começava a escorrer, eu limpava com as costas da mão e o líquido do nariz endurecia logo sobre os pelos, eu enfiava as mãos avermelhadas nos bolsos e ia indo, eu ia indo pulando as poças d’água com as pernas geladas.
ABREU, Caio Fernando. Morangos Mofados. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 34.
Sobre o trecho, assinale a alternativa correta:
Ano: 2023
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Provas:
PUC - RS - 2022 - PUC - RS - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina
|
PUC - RS - 2023 - PUC - RS - Vestibular - Medicina |
Q2092757
Português
Texto associado
INSTRUÇÃO: Responder à questão com
base no texto a seguir, que consiste no trecho inicial
do conto Conversa de bois, que integra o livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967).
Que já houve um tempo em que eles conversavam,
entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois
que bem comprovado nos livros das fadas carochas.
Mas, hoje-em-dia, agora, agorinha mesmo, aqui, aí,
ali e em toda a parte, poderão os bichos falar e serem
entendidos, por você, por mim, por todo o mundo, por
qualquer um filho de Deus?!
– Falam, sim senhor, falam!... – afirma o Manuel Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho, pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem querem escutar.
– Falam, sim senhor, falam!... – afirma o Manuel Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho, pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem querem escutar.
– Pode ser que seja, Timborna. Isso não é de hoje:
... “Visa sub obscurum noctis pecudesque locutae. Infandum!...” Mas, e os bois? Os bois também?...
– Ora, ora!... Esses é que são os mais!... Boi fala o
tempo todo. Eu até posso contar um caso acontecido
que se deu.
– Só se eu tiver licença de recontar diferente, enfeitado e acrescentado ponto e pouco...
– Feito! Eu acho que assim até fica mais merecido,
que não seja.
E começou o caso, na encruzilhada da Ibiúva, logo
após a cava do Mata-Quatro, onde, com a palhada de
milho e o algodoal do pompons frouxos, se truncam as derradeiras roças da Fazenda dos Caetanos e o mato de
terra ruim começa dos dois lados; ali, uma irara rolava
e rodopiava, acabando de tomar banho de sol e poeira – o primeiro dos quatro ou cinco que ela saracoteia
cada manhã.
GUIMARÃES ROSA, João. Sagarana. Rio de Janeiro; São Paulo:
Record, 1984. p. 303-304.
A respeito do trecho selecionado e da obra de Guimarães
Rosa, assinale a alternativa correta:
Ano: 2023
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Provas:
PUC - RS - 2022 - PUC - RS - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina
|
PUC - RS - 2023 - PUC - RS - Vestibular - Medicina |
Q2092756
Português
Texto associado
INSTRUÇÃO: Responder à questão com
base no texto a seguir, que consiste no trecho inicial
do conto Conversa de bois, que integra o livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967).
Que já houve um tempo em que eles conversavam,
entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois
que bem comprovado nos livros das fadas carochas.
Mas, hoje-em-dia, agora, agorinha mesmo, aqui, aí,
ali e em toda a parte, poderão os bichos falar e serem
entendidos, por você, por mim, por todo o mundo, por
qualquer um filho de Deus?!
– Falam, sim senhor, falam!... – afirma o Manuel Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho, pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem querem escutar.
– Falam, sim senhor, falam!... – afirma o Manuel Timborna, das Porteirinhas, – filho do Timborna velho, pegador de passarinhos, e pai dessa infinidade de Timborninhas barrigudos, que arrastam calças compridas e simulam todos o mesmo tamanho, a mesma idade e o mesmo bom-parecer; – Manuel Timborna, que, em vez de caçar serviço para fazer, vive falando invenções só lá dele mesmo, coisas que as outras pessoas não sabem e nem querem escutar.
– Pode ser que seja, Timborna. Isso não é de hoje:
... “Visa sub obscurum noctis pecudesque locutae. Infandum!...” Mas, e os bois? Os bois também?...
– Ora, ora!... Esses é que são os mais!... Boi fala o
tempo todo. Eu até posso contar um caso acontecido
que se deu.
– Só se eu tiver licença de recontar diferente, enfeitado e acrescentado ponto e pouco...
– Feito! Eu acho que assim até fica mais merecido,
que não seja.
E começou o caso, na encruzilhada da Ibiúva, logo
após a cava do Mata-Quatro, onde, com a palhada de
milho e o algodoal do pompons frouxos, se truncam as derradeiras roças da Fazenda dos Caetanos e o mato de
terra ruim começa dos dois lados; ali, uma irara rolava
e rodopiava, acabando de tomar banho de sol e poeira – o primeiro dos quatro ou cinco que ela saracoteia
cada manhã.
GUIMARÃES ROSA, João. Sagarana. Rio de Janeiro; São Paulo:
Record, 1984. p. 303-304.
No trecho apresentado, registra-se o encontro entre
dois universos contrastantes: o ________, na figura
________, que representa um cenário ________; e
o ________, na figura ________, que representa um
cenário ________.