Questões de Vestibular CESMAC 2015 para Prova Medicina- 2016.1- 1° DIA- PROVA TIPO 1

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Ano: 2015 Banca: Cepros Órgão: CESMAC Prova: Cepros - 2015 - CESMAC - Prova Medicina- 2016.1- 1° DIA- PROVA TIPO 1 |
Q1330964 Português
TEXTO 3


O canteiro de palavras 

Qual é o seu ofício – me pergunta com certa formalidade o simpático velhinho da fila do banco, depois do cumprimento habitual e do comentário sobre o tempo, rotinas que servem para quebrar o gelo (no nosso clima, literalmente) entre desconhecidos circunstancialmente íntimos pela espera compartilhada. Quase digo que sou jornalista, mas me policio porque conheço o poder inibidor da minha profissão.

– Vivo de escrever. – Respondo no mesmo tom evasivo, tentando decifrar o efeito da resposta no seu olhar enrugado. (...)

– Eu sou cortador de pedras – me diz com indisfarçável orgulho de quem detém um dote raro.

Antes que a fila ande, tenho tempo ainda para ouvir algumas explicações sobre a arte de tirar paralelepípedos da rocha bruta, sobre as ferramentas que usa e sobre a quantidade de peças que produz. Ouço em silêncio para não perturbar a narrativa, mas seu trabalho não me é estranho. Perto de minha casa há uma pedreira. Conheço a faina dos homens empoeirados que lá labutam. De vez em quando fico ouvindo a distância o martelar dos canteiros e pensando na célebre fábula sobre “a tenacidade de nossas ações”, escrita por Jacob Riis, que tem como personagem exatamente um cortador de pedras. Diz mais ou menos o seguinte: “Quando nada parece dar certo, eu observo o homem que corta pedras. Ele martela uma, duas, centenas de vezes, sem que uma só rachadura apareça. Porém, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas. E eu sei que não foi aquela pancada que operou o milagre, mas todas as que vieram antes”.

Pois escrever, me dou conta enquanto preencho o cheque, não deixa de ser um processo semelhante. A gente martela centenas de vezes até que brote do cérebro (ou do dicionário) a palavra adequada, talvez a única capaz de servir à construção literária planejada. Nem sempre se consegue. A não ser que o canteiro de letras tenha o talento daquele escultor de estátuas equestres que explicava com simplicidade como conseguia tal perfeição:

– Eu tiro da pedra tudo o que não seja cavalo.

(Nilson de Souza. Zero Hora. 17/7/1996). 
O Texto 3, visto globalmente, se desenvolve:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: Cepros Órgão: CESMAC Prova: Cepros - 2015 - CESMAC - Prova Medicina- 2016.1- 1° DIA- PROVA TIPO 1 |
Q1330965 Português
TEXTO 3


O canteiro de palavras 

Qual é o seu ofício – me pergunta com certa formalidade o simpático velhinho da fila do banco, depois do cumprimento habitual e do comentário sobre o tempo, rotinas que servem para quebrar o gelo (no nosso clima, literalmente) entre desconhecidos circunstancialmente íntimos pela espera compartilhada. Quase digo que sou jornalista, mas me policio porque conheço o poder inibidor da minha profissão.

– Vivo de escrever. – Respondo no mesmo tom evasivo, tentando decifrar o efeito da resposta no seu olhar enrugado. (...)

– Eu sou cortador de pedras – me diz com indisfarçável orgulho de quem detém um dote raro.

Antes que a fila ande, tenho tempo ainda para ouvir algumas explicações sobre a arte de tirar paralelepípedos da rocha bruta, sobre as ferramentas que usa e sobre a quantidade de peças que produz. Ouço em silêncio para não perturbar a narrativa, mas seu trabalho não me é estranho. Perto de minha casa há uma pedreira. Conheço a faina dos homens empoeirados que lá labutam. De vez em quando fico ouvindo a distância o martelar dos canteiros e pensando na célebre fábula sobre “a tenacidade de nossas ações”, escrita por Jacob Riis, que tem como personagem exatamente um cortador de pedras. Diz mais ou menos o seguinte: “Quando nada parece dar certo, eu observo o homem que corta pedras. Ele martela uma, duas, centenas de vezes, sem que uma só rachadura apareça. Porém, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas. E eu sei que não foi aquela pancada que operou o milagre, mas todas as que vieram antes”.

Pois escrever, me dou conta enquanto preencho o cheque, não deixa de ser um processo semelhante. A gente martela centenas de vezes até que brote do cérebro (ou do dicionário) a palavra adequada, talvez a única capaz de servir à construção literária planejada. Nem sempre se consegue. A não ser que o canteiro de letras tenha o talento daquele escultor de estátuas equestres que explicava com simplicidade como conseguia tal perfeição:

– Eu tiro da pedra tudo o que não seja cavalo.

(Nilson de Souza. Zero Hora. 17/7/1996). 
O Texto 3, visto ainda globalmente, constitui uma defesa:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: Cepros Órgão: CESMAC Prova: Cepros - 2015 - CESMAC - Prova Medicina- 2016.1- 1° DIA- PROVA TIPO 1 |
Q1330966 Português
TEXTO 3


O canteiro de palavras 

Qual é o seu ofício – me pergunta com certa formalidade o simpático velhinho da fila do banco, depois do cumprimento habitual e do comentário sobre o tempo, rotinas que servem para quebrar o gelo (no nosso clima, literalmente) entre desconhecidos circunstancialmente íntimos pela espera compartilhada. Quase digo que sou jornalista, mas me policio porque conheço o poder inibidor da minha profissão.

– Vivo de escrever. – Respondo no mesmo tom evasivo, tentando decifrar o efeito da resposta no seu olhar enrugado. (...)

– Eu sou cortador de pedras – me diz com indisfarçável orgulho de quem detém um dote raro.

Antes que a fila ande, tenho tempo ainda para ouvir algumas explicações sobre a arte de tirar paralelepípedos da rocha bruta, sobre as ferramentas que usa e sobre a quantidade de peças que produz. Ouço em silêncio para não perturbar a narrativa, mas seu trabalho não me é estranho. Perto de minha casa há uma pedreira. Conheço a faina dos homens empoeirados que lá labutam. De vez em quando fico ouvindo a distância o martelar dos canteiros e pensando na célebre fábula sobre “a tenacidade de nossas ações”, escrita por Jacob Riis, que tem como personagem exatamente um cortador de pedras. Diz mais ou menos o seguinte: “Quando nada parece dar certo, eu observo o homem que corta pedras. Ele martela uma, duas, centenas de vezes, sem que uma só rachadura apareça. Porém, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas. E eu sei que não foi aquela pancada que operou o milagre, mas todas as que vieram antes”.

Pois escrever, me dou conta enquanto preencho o cheque, não deixa de ser um processo semelhante. A gente martela centenas de vezes até que brote do cérebro (ou do dicionário) a palavra adequada, talvez a única capaz de servir à construção literária planejada. Nem sempre se consegue. A não ser que o canteiro de letras tenha o talento daquele escultor de estátuas equestres que explicava com simplicidade como conseguia tal perfeição:

– Eu tiro da pedra tudo o que não seja cavalo.

(Nilson de Souza. Zero Hora. 17/7/1996). 
Analise alguns termos do vocabulário em uso no Texto 3, considerando, inclusivamente, os contextos em que eles aparecem.

1) “Respondo no mesmo tom evasivo”, quer dizer no mesmo tom contundente.
2) “Conheço a faina dos homens empoeirados que lá labutam.”, isto é, a lida dos homens que lá trabalham.
3) “o talento daquele escultor de estátuas equestres”, isto é, estátuas em pedra.
4) “rotinas que servem para quebrar o gelo”, isto é, para descontrair.

Estão corretos os comentários feitos em:
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Ano: 2015 Banca: Cepros Órgão: CESMAC Prova: Cepros - 2015 - CESMAC - Prova Medicina- 2016.1- 1° DIA- PROVA TIPO 1 |
Q1330967 Literatura

TEXTO 4

...

Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias,
Lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
Que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza. 

(João Cabral de Melo Neto. Morte e Vida Severina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, p. 29-30. Fragmento). 
O poema de João Cabral pode ser considerado como uma produção artística que:
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Ano: 2015 Banca: Cepros Órgão: CESMAC Prova: Cepros - 2015 - CESMAC - Prova Medicina- 2016.1- 1° DIA- PROVA TIPO 1 |
Q1330968 Português
TEXTO 5 

O que há de mais importante na literatura, sabe? É a aproximação, a comunhão que ela estabelece entre seres humanos, mesmo a distância, mesmo entre mortos e vivos. O tempo não conta para isso. Somos contemporâneos de Shakespeare e de Virgílio. Somos amigos pessoais deles. (...) O maior prêmio de Estocolmo ou dos Estados Unidos não vale o telegrama de amor que alguém desconhecido, e que não conheceremos nunca, nos manda lá do Pará porque leu uma coisa nossa e ficou comovido e rendido. O telegrama não é para nós, é para a nossa vaidade. É uma voz do coração e do espírito, solta no ar, que nos atinge e repercute em nós. Dito assim, fica meio grandiloquente, mas não sei dizer melhor, você entenderá. Quem já sentiu isso compreende sem explicação. Funciona. É. E constitui uma das grandes alegrias da vida. Palavra, música, arte de todas as formas: essas coisas têm sua magia. Ai de quem não a sente. 

(Carlos Drummond de Andrade. Tempo, vida, poesia. Rio de Janeiro: Record, 1986, p. 58-59).
As palavras de Drummond expostas acima:

1) confirmam o entendimento de que a literatura constitui uma criação artística, mágica e atemporal. 2) atribuem uma certa magia à amizade, cuja compreensão e cujos poderes prescindem de qualquer explicação. 3) enaltecem a interação que a arte literária, pelo seu encantamento, provoca entre as pessoas, superando as barreiras do tempo e da distância. 4) constituem uma espécie de lamento em relação à dificuldade para expressar, com simplicidade, certos sentimentos.


Estão corretas:
Alternativas
Respostas
11: B
12: A
13: E
14: D
15: A