Questões de Vestibular UECE 2020 para Vestibular - Conhecimentos Específicos - Primeiro Dia - Prova 1 - Português

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Q2030427 Português

TEXTO 1 
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

ANDRADE, Oswald. Obras completas.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.


TEXTO 2
Samba do Arnesto

O Arnesto nos convidô prum samba,
 [ele mora no Brás
Nóis fumo e não encontremos ninguém
Nóis vortemo cuma baita duma reiva
Da outra veiz nóis num vai mais
Nóis não semos tatu!
Outro dia encontremo com o Arnesto
Que pidiu descurpa mais nóis não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nóis não se importa
Mais você devia ter ponhado um recado na
 [porta
Anssim: “Ói, turma, num deu prá esperá
A vez que isso num tem importância,
 [num faz má
Depois que nóis vai, depois que nóis vorta
Assinado em cruz porque não sei escrever
Arnesto"


BARBOSA, Adoniran, Gravações Elétricas
Continental S/A, 1953.
A variação linguística pode revelar muitas informações acerca de quem a está utilizando. Valendo-se desse fenômeno, o autor do texto 2 apresenta o eu lírico como alguém que não domina a norma culta brasileira, por misturar traços da linguagem caipira com a fala de imigrantes italianos de conhecidos bairros paulistas para figurativizar o personagem. Atente para o que se diz a seguir sobre variação linguística:
I. As línguas têm formas variáveis e há usos de determinada variedade em uma sociedade formada por uma heterogeneidade de falantes advindos de lugares distintos, a exemplo de São Paulo.
II. Os aspectos mais perceptíveis da variação linguística são a pronúncia e o vocabulário, mas pode-se apontar, no texto 2, variações em todos os níveis da língua.
III. O fenômeno da variação é complexo e o princípio de adequação à identidade de quem utiliza, a situação comunicativa e outros fatores podem intervir.
É correto o que se afirma em
Alternativas
Q2030440 Português

O Poeta da Roça


Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô

Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá

Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e
 [dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito.
[...]
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

Adaptada de ASSARÉ, Patativa do.
Cante lá que eu canto cá: Filosofia de um trovador
nordestino. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1978.
Patativa do Assaré, apesar de ter inúmeros poemas publicados, não escrevia nenhum deles. Com habilidade inacreditável de memorização, o poeta decorava todos seus poemas. Todos os versos que hoje podemos ver são graças ao trabalho de outras pessoas que se empenharam em transcrever os poemas do poeta, seja ouvindo diretamente do poeta, seja através de gravações. Deste modo, sua poesia é fortemente marcada pela oralidade. No texto de Patativa do Assaré, aparecem expressões da fala popular como “Sou fio das mata, cantô da mão grosa” (linha 160), “Trabaio na roça, de inverno e de estio”, (linha 161) “Cantando, pachola, à percura de amô” (linha 167). Considerando este aspecto da poesia de Patativa do Assaré, atente para as seguintes afirmações:
I. Este tipo de linguagem revela, no texto, uma escrita de estilo coloquial marcada pelo uso consciente de palavras próprias da fala. II. As expressões coloquiais utilizadas no texto revelam o lugar de onde veio o poeta e sua história, deixando claro que a poesia que produz é sobre as coisas simples da vida. III. O emprego destes coloquialismos revela a cultura local em que o autor está inserido.
Está correto o que se afirma em
Alternativas
Q2030441 Português

O Poeta da Roça


Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô

Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá

Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e
 [dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito.
[...]
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

Adaptada de ASSARÉ, Patativa do.
Cante lá que eu canto cá: Filosofia de um trovador
nordestino. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1978.
As palavras “papé” (linha 164), “percura” (linha 167) e “sodade” (linha 177) extraídas do poema revelam uma variedade linguística do português brasileiro específica de um grupo social identificada em falantes
Alternativas
Respostas
1: D
2: A
3: B