Questões de Vestibular UESB 2017 para Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Matemática
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Transcrição de
diálogo do filme ELE ESTÁ
DE VOLTA, entre Hitler (H)
e Sawatzki (S). Sawatzki
mantém Hitler sob a mira de
um revólver e o ameaça,
dirigindo-o para a beirada do
pátio de um edifício alto.
H – Sawatzki? [vira-se para
trás e vê Sawatzki que lhe
aponta um revólver]. Você
demorou de responder...
S – É você... Você é ele!...
H – Nunca disse o contrário. Acho que meu destino é me
despedir de meus leais companheiros de trabalho.
S – Por ali [indica uma porta que dá acesso ao pátio
superior de um edifício]. A história está se repetindo. Está
enganando as pessoas com seus discursos.
H – Ah, Sawatzki, você não entende. Em 1933, ninguém
precisou de discurso nenhum. O povo elegeu um líder
que deixou claro para todos quais eram seus planos. Os
alemães me elegeram...
S – [Encaminha-o, apontando o revólver, para a beirada
do prédio]. Continue... Você é um monstro!
H – Sou? Então é melhor culpar também aqueles que
elegeram esse monstro. Eles todos eram monstros? Não,
eram pessoas normais... Que escolheram eleger alguém
diferente dos outros, para confiarem o destino de seu
país. O que vai fazer, Sawatzki? Impedir as eleições?
S – Não, mas vou impedir você...
H – Nunca se perguntou por que as pessoas me seguem?
Porque, no fundo, elas são como eu. Têm os mesmos
princípios. E é por isso que você não vai atirar...
[Sawatzki atira]
ELE ESTÁ DE VOLTA. Direção de David Wnendt. Intérpretes: Oliver
Masucci, Fabian Busch, Thomas Köppl e outros. Alemanha, 2015. Baseado
no livro Er Ist Wieder Da, de Timur Vermes.
I. No filme, por um estranho fenômeno, Hitler escapa da morte em 1945 e acorda no futuro, em 2014, na Alemanha, perto de seu bunker. É tido como um ator que interpreta o papel de Hitler, e, nessa condição, estabelece relações com pessoas atuais e, aos poucos, retoma a intenção de realizar seus planos originais.
II. O filme mistura ficção e documentário. Na parte documental, o ator Oliver Masucci interage com pessoas reais que revelam sua simpatia e adesão às ideias de Hitler, considerando a propriedade de seus planos para resolver os problemas atuais da Alemanha e tomando-o como um salvador da pátria.
III. Essa é a cena do filme Ele está de volta, quando o comediante que representa Hitler é raptado e assassinado por um diretor de TV que foge de um hospital após imergir num processo de alucinação, supondo ser ele o verdadeiro Hitler, e não um ator que fazia esse papel.
IV. Após essa cena, Sawatzki, um produtor de TV, atira em si próprio, pois se sente culpado de ter divulgado, com o seu documentário, as ideias nazistas de Hitler e, com isso, ter convencido as pessoas de que a democracia não é capaz de resolver os atuais problemas da Alemanha.
V. Com essa cena, se encerra uma gravação que se realiza dentro da narrativa do filme, e o suposto ator, que, na verdade, é o verdadeiro Hitler, continua acolhido por todos e, com o apoio da TV, mantém seus planos de construir um terceiro reich na Alemanha atual.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
Transcrição de
diálogo do filme ELE ESTÁ
DE VOLTA, entre Hitler (H)
e Sawatzki (S). Sawatzki
mantém Hitler sob a mira de
um revólver e o ameaça,
dirigindo-o para a beirada do
pátio de um edifício alto.
H – Sawatzki? [vira-se para
trás e vê Sawatzki que lhe
aponta um revólver]. Você
demorou de responder...
S – É você... Você é ele!...
H – Nunca disse o contrário. Acho que meu destino é me
despedir de meus leais companheiros de trabalho.
S – Por ali [indica uma porta que dá acesso ao pátio
superior de um edifício]. A história está se repetindo. Está
enganando as pessoas com seus discursos.
H – Ah, Sawatzki, você não entende. Em 1933, ninguém
precisou de discurso nenhum. O povo elegeu um líder
que deixou claro para todos quais eram seus planos. Os
alemães me elegeram...
S – [Encaminha-o, apontando o revólver, para a beirada
do prédio]. Continue... Você é um monstro!
H – Sou? Então é melhor culpar também aqueles que
elegeram esse monstro. Eles todos eram monstros? Não,
eram pessoas normais... Que escolheram eleger alguém
diferente dos outros, para confiarem o destino de seu
país. O que vai fazer, Sawatzki? Impedir as eleições?
S – Não, mas vou impedir você...
H – Nunca se perguntou por que as pessoas me seguem?
Porque, no fundo, elas são como eu. Têm os mesmos
princípios. E é por isso que você não vai atirar...
[Sawatzki atira]
ELE ESTÁ DE VOLTA. Direção de David Wnendt. Intérpretes: Oliver
Masucci, Fabian Busch, Thomas Köppl e outros. Alemanha, 2015. Baseado
no livro Er Ist Wieder Da, de Timur Vermes.
I. Ela constitui uma crítica irônica ou uma sátira do autor dirigida ao cientificismo da época, representado pela teoria da seleção natural de Charles Darwin, que postulava, como uma lei natural, a sobrevivência do mais forte ou do mais esperto.
II. Seus princípios e conceitos desconstroem a visão negativa sobre as guerras, pois a eliminação dos mais fracos, mais do que a paz, seria benéfica ao aperfeiçoamento humanidade, que, gradualmente, seria constituída apenas dos seres mais aptos ou mais fortes
III. O “caráter conservador e benéfico da morte.” (l. 16-17) constitui uma referência à possibilidade de superação das disputas, a partir de um aperfeiçoamento dos mecanismos de colaboração que constituem o princípio “indestrutível” (l. 6), “universal e comum” (l. 16).
IV. A exclamação “ao vencedor, as batatas!” (l. 33), expressa a alegria dos vencedores não apenas pelas recompensas, mas pela vitória do bem contra mal, da justiça contra a injustiça, com o triunfo de sentimentos de compreensão e solidariedade em relação aos vencidos.
V. A consideração sobre a “opinião do exterminado” (l. 34) ou a “opinião da bolha” (l. 40) evidencia outra face dessa filosofia, seu caráter antiético e repressor, pois o extermínio dos mais fracos não os atingiria apenas fisicamente, mas se assentaria também no cerceamento de seus direitos de expressão.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
Auto da Barca do Inferno (Aproxima-se um corregedor com uma vara na mão e diz chegando à Barca do Inferno:) Corregedor – Hou da barca?
Diabo – Que quereis?
Corregedor – Está aqui o senhor juiz. Diabo – Oh amador de perdiz* / quantos processos trazeis
Corregedor – Por trazê-los, bem vereis, / venho muito contrafeito.
Diabo – Como anda lá o Direito?
Corregedor – Nos autos constatareis.
Diabo – Ora, pois, entrai, vejamos / o que dizem tais papéis.
Corregedor – Para onde vai o batel?
Diabo – No inferno nós ancoramos.
Corregedor – Como? À terra dos demônios / há de ir um corregedor? [...]
Diabo – Ora, entrai nos negros fados. / Ireis ao lago dos cães / e vereis os escrivães / como estão bem prosperados.
Corregedor – Vão à terra dos danados / os novos evangelistas?
Diabo – Os mestres das fraudes vistas / lá estão bem atormentados [...]
*“amador de perdiz” – referência ao fato de os juízes aceitarem, como agrado, a doação de coelhos e perdizes.
VICENTE, GIL. Três autos: da alma; da barca do inferno; de Mofina Mendes. Livre adaptação de Walmir Ayala. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. p. 145 -153.
Sobre o trecho da cena transcrito e a obra de onde foi extraído, é correto afirmar:
I. A cena se inicia com a chegada do corregedor, que é representante do judiciário, à Barca do Inferno, quando o Diabo lhe dirige a primeira acusação: a de corrupção, por manipular a justiça em benefício próprio, com a aceitação de suborno sob a forma de presentes ou doações.
II. Na obra, através de farta argumentação e de provas forjadas, o corregedor consegue convencer o Diabo e o Anjo de sua inocência. Por isso, após ser perdoado, aceita o pedido de desculpas de ambos e se encaminha para a Barca do Paraíso, onde é recebido com muitos festejos e intensa louvação.
III. Na obra, o autor, para relativizar os conceitos de bem e mal, de certo e errado, evitando uma perspectiva maniqueísta, coloca circunstâncias em que o Anjo e o Diabo trocam de papéis e passam a dirigir, respectivamente, a Barca do Inferno e a Barca da Glória. Com isso, o julgamento se torna mais preciso e a punição mais justa.
IV. O cenário da obra é um porto onde se encontram ancoradas duas barcas: uma, guiada pelo Diabo, tem como destino o inferno; outra, guiada por um Anjo, leva ao paraíso. Nelas são acomodadas as pessoas que se aproximam e que já morreram, selecionadas pelo Diabo ou pelo Anjo, segundo sua conduta quando estavam vivas.
V. A obra é uma sátira social e moral, pois veicula criticas aos costumes impróprios ou pecados de figuras poderosas da época, que são julgadas e punidas com a condenação ao inferno. Trata-se de uma temática que, embora contextualizada no século XVI, em Portugal, guarda certa atualidade e pertinência com questões contemporâneas.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a