Questões de Vestibular FAMERP 2016 para Conhecimentos Gerais
Foram encontradas 8 questões
Q1335792
Português
Texto associado
Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando
Pessoa, para responder à questão.
As rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres¹
amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)
¹volucre: que tem vida curta.
A imagem da “rosa”
Q1335793
Português
Texto associado
Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando
Pessoa, para responder à questão.
As rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres¹
amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)
¹volucre: que tem vida curta.
No poema, está presente a seguinte característica do heterônimo Ricardo Reis:
Q1335794
Português
Texto associado
Leia o trecho do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, para
responder à questão.
Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um
ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada, de
carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre suas
vizinhas.
Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a
quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas
e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa, triste, com olhos
desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta,
como dentes de cão, cabelos lisos, escorridos e ainda retintos apesar da idade. Chamavam-lhe “Bruxa”.
Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda. A primeira, mulata antiga, muito séria e asseada em
exagero: a sua casa estava sempre úmida das consecutivas
lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se logo
a espanar, a varrer febrilmente, e, quando a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e descarregava-o com
fúria pelo chão da sala. A filha tinha quinze anos, a pele de
um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos
luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem, mas
sustentava ainda a sua virgindade e não cedia, nem à mão
de Deus Padre, aos rogos de João Romão, que a desejava
apanhar a troco de pequenas concessões na medida e no
peso das compras que Florinda fazia diariamente à venda.
(O cortiço, 2007.)
Uma relação correta entre o trecho apresentado e o movimento literário em que O cortiço está inserido é:
Q1335795
Português
Texto associado
Leia o trecho do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, para
responder à questão.
Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um
ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada, de
carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre suas
vizinhas.
Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a
quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas
e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa, triste, com olhos
desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta,
como dentes de cão, cabelos lisos, escorridos e ainda retintos apesar da idade. Chamavam-lhe “Bruxa”.
Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda. A primeira, mulata antiga, muito séria e asseada em
exagero: a sua casa estava sempre úmida das consecutivas
lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se logo
a espanar, a varrer febrilmente, e, quando a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e descarregava-o com
fúria pelo chão da sala. A filha tinha quinze anos, a pele de
um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos
luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem, mas
sustentava ainda a sua virgindade e não cedia, nem à mão
de Deus Padre, aos rogos de João Romão, que a desejava
apanhar a troco de pequenas concessões na medida e no
peso das compras que Florinda fazia diariamente à venda.
(O cortiço, 2007.)
É correto afirmar que o narrador do texto assemelha-se a
Q1335796
Português
Texto associado
Leia o texto de Tales Ab´Sáber para responder à questão.
Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não termina jamais pode de fato começar a qualquer
momento do dia, às sete da manhã ou ainda às dez. Lá todos os tempos se estendem e noite e dia se transformam em
outra coisa. Naquela imensa boate que pretende expandir o
seu plano de existência, seu tempo infinito, sobre a vida e a
cidade, construída em uma antiga fábrica − uma antiga usina
de energia nazista −, todo tipo de figura da noite se encontra,
em uma festa fantástica alucinada que deseja não terminar
jamais.
À luz da vida tecno¹
avançada, as ideias tradicionais de
dia e de noite se revelam mais frágeis, bem mais insólitas do
que a vida cotidiana sob o regime da produção nos leva a
crer. Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente
vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si
o valor do que é vivo.
Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra
apenas quando o efeito prolongado e sistemático da droga
se encerra. Como uma pausa para respirar, às vezes tendo
passado muitos dias entre uma jornada de diversão e sua
suspensão momentânea. Para muitos, apenas pelo tempo
mínimo da reposição das forças até a próxima jornada, extenuante, sem fim, pela política imaginária da noite.
E, ainda mais. Para outros tantos, o próprio efeito da droga sob a pulsação infinita da música eletrônica, experiência
programática e enfeitiçada, não deveria se encerrar jamais:
estes estariam destinados ao projeto de dissolução na pulsação sem eu da música tecno, seja a dissolução do espírito,
em uma infantilização sem fim para os embates materiais da
vida, seja a dissolução do corpo, ambos igualmente reais.
De fato, após uma noite de vida tecno, é forte a experiência radical de vazio que se torna o espírito do dia. A energia
foi imensamente gasta à noite. Foi devastada, tornando o dia
vazio de objeto, porém vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado à busca pelo excedente absoluto de mais tarde, à noite.
(A música do tempo infinito, 2012. Adaptado.)
¹tecno: estilo de música eletrônica.
“Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si o
valor do que é vivo.” (2°
parágrafo)
Considerado em seu contexto, o trecho sugere que
Considerado em seu contexto, o trecho sugere que