Na construção da ferrovia Madeira-Mamoré, o que dizer dos doentes, eternos moribundos a vagar entre delírios febris, doses de quinino e corredores da
morte? O Hospital da Candelária era santuário e túmulo,
monumento ao progresso científico e preâmbulo da
escuridão. Foi ali, com suas instalações moderníssimas,
que médicos e sanitaristas dirigiam seu combate
aos males tropicais. As maiores vítimas, contudo,
permaneceriam na sombra à margem do palco, cobaias
sem consolo, credores sem nome de uma sociedade que não lhes concedera tempo algum para ser decifrada.
FOOT HARDMAN, F. Trem fantasma: modernidade na selva
São Paulo: Cia. das Letras, 1988 (adaptado).
No texto, há uma crítica ao modo de ocupação do espaço amazônico pautada na