Questões Militares de Português - Crase
Foram encontradas 427 questões
Ano: 2022
Banca:
Aeronáutica
Órgão:
CIAAR
Prova:
Aeronáutica - 2022 - CIAAR - Primeiro Tenente - Serviços Jurídicos |
Q2041566
Português
Texto associado
TEXTO I
A complicada arte de ver
1§Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria.
2§Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.
3§De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… agora, tudo o que vejo me causa espanto.” Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta…Os poetas ensinam a ver”.
4§Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física. William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
5§Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem.
6§“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
7§Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.
8§Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.
9§Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.
10§A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. (...) Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.
Rubem Alves
Texto Adaptado (originalmente publicado no caderno “Sinapse” - “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2004).
De acordo com a norma culta, assinale a opção que apresenta justificativa correta para a estrutura analisada.
Q2036006
Português
Quanto às normas para o uso do acento grave,
assinale a alternativa correta.
Ano: 2019
Banca:
Marinha
Órgão:
Comando do 1º Distrito Naval
Prova:
Marinha - 2019 - Comando do 1º Distrito Naval - Praça de 2° Classe |
Q2034725
Português
Assinale a opção que completa correta e respectivamente as lacunas abaixo.
I - __ seis horas da manhã. já estava de pé.
II - Sempre faz referência __ obra de Machado de Assis. III - Não vejo minha irmã _ muitos anos. IV - Estou me referindo _ qualquer peça.
I - __ seis horas da manhã. já estava de pé.
II - Sempre faz referência __ obra de Machado de Assis. III - Não vejo minha irmã _ muitos anos. IV - Estou me referindo _ qualquer peça.
Ano: 2009
Banca:
COPESE - UFT
Órgão:
PM-TO
Prova:
COPESE - UFT - 2009 - PM-TO - Aspirante da Polícia Militar |
Q2030759
Português
Assinale a alternativa em que uso da crase está incorreto:
Ano: 2009
Banca:
ACAFE
Órgão:
PM-SC
Prova:
ACAFE - 2009 - PM-SC - Aspirante da Polícia Militar - 1° Etapa |
Q2030591
Português
Texto associado
O Estado e a Segurança Pública
A segurança pública no Brasil deve ser tratada como um problema de Estado, e a redução
da criminalidade depende de um grande projeto
coordenado pelo governo federal, segundo a
opinião de Luiz Eduardo Soares, ex-Secretário
Nacional de Segurança Pública.
Para o cientista político, que também foi coordenador de Segurança, Justiça, Defesa Civil
e Cidadania do Rio de Janeiro (posto ao qual
estava subordinada a Secretaria de Segurança
Pública), o governo evita se envolver com
a questão, já que constitucionalmente a segurança pública é de responsabilidade dos Estados.
"Dado que há uma concepção fatalista de
que esse tema não se resolve e é apenas fonte
de desgaste, o presidente prefere deixá-lo para
os governadores, e lavar as mãos", diz Soares,
que assumiu a Secretaria Nacional de Segurança pública no início do atual governo e passou
10 meses no cargo. [...] O cientista político [...]
aponta problemas como "sucateamento, desorganização e irracionalidade no sistema institucional de segurança pública no Brasil".
Soares reconhece a importância e defende a
necessidade de políticas de prevenção, mas
argumenta que a situação seria muito melhor se
a organização do sistema, e consequentemente
das polícias, fosse mais evoluída. [...]
"Temos 550 mil profissionais de polícia no
Brasil que funcionam em bandos. Trata-se
de organizar de outra maneira e qualificar o profissional, com os mesmos recursos que você
mantém hoje essa polícia que não funciona",
afirma o ex-secretário.
"As polícias são esquizofrenicamente organizadas, porque a militar faz uma parte do ciclo de
trabalho (ostensivo-preventivo) e a civil faz outra
(investigativo, judiciário e repressivo)."
"Não faz nenhum sentido. Seria como se nós
dois fôssemos escrever uma redação juntos,
com você escrevendo substantivos e verbos,
enquanto eu escreveria adjetivos e pronomes",
ironiza Soares.
Para o especialista, a solução passa pela
criação de uma formação profissional comum
para as 56 polícias do Brasil (uma militar e civil
para cada Unidade da Federação, além das
polícias Federal e Rodoviária Federal).
"Cada uma tem currículos e métodos próprios. É como se tivéssemos faculdades nos
Estados com currículos completamente incompatíveis e métodos inteiramente diversos para
engenharia, alguns formando-se em três meses,
outros em um semestre e outros ainda em dois
ou quatro anos", diz o cientista político.
"Pode se imaginar a inviabilidade do trabalho
coletivo. Precisamos de um ciclo básico comum
nacional", acrescenta Soares.
Soares afirma que, por causa da falta de
estrutura, a polícia não consegue realizar um
programa de monitoramento para avaliar suas
atividades.
"Não há diagnósticos, porque não há dados
qualificados. Portanto, as polícias não têm como
apoiar o planejamento. O problema não está
nos erros, mas na dificuldade de identificá-los."
Na visão do ex-secretário, só uma "revolução
institucional" seria capaz de resolver o proble-
ma. Soares avalia que esse cenário conduz
a polícia à brutalidade, ao desrespeito pelos
direitos humanos e à corrupção que se generaliza.
"Não posso sugerir que todos os policiais
sejam desonestos, despreparados e que todas
as instituições sejam desqualificadas, mas há
um grau de cumplicidade com a criminalidade,
com a corrupção e com a brutalidade muito
superior ao que seria tolerável", diz o cientista
político. [...]
A proposta de unificação das polícias civil e
militar é vista com cautela pelo ex-Secretário
Nacional de Segurança Pública por causa da
diferença de cultura e da rivalidade entre as
corporações. [...]
Soares sugere que cada Estado encontre
sua fórmula, com liberdade para unificar as polícias se assim julgar melhor, mas também de
criar novas corporações, como uma polícia para
regiões metropolitanas, e eventualmente regionalizar a atuação das polícias civil e militar,
fazendo com que cada uma delas seja responsável por todo o ciclo do trabalho dentro de sua
área de atuação.
TORTORIELLO , Alexandre Mata. In:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2004/08/04073
0_vsoaresamtdi.shtml. Acesso em: 05/06/2009. Adaptado.
Assinale a frase que está de acordo com as
normas-padrão de língua portuguesa relativamente à regência e à crase.