Acrescentando-se ao teor dos versos “E que, no seu maligno a...

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Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: FGV Prova: FGV - 2016 - FGV - Administração de Empresas |
Q1077586 Português
Oficina Irritada

Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.

Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.

Ninguém o lembrará: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.

Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.

Acrescentando-se ao teor dos versos “E que, no seu maligno ar imaturo, / ao mesmo tempo saiba ser, não ser” os elementos do humor e da provocação, obtém-se uma descrição aproximada, sobretudo,
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